domingo, 20 de dezembro de 2015

Despedida de "casado" com o Synésio

“Façamos da interrupção um caminho novo,
da queda um passo de dança,
do medo uma escada,
do sonho uma ponte,
da procura, um encontro”.
               Fernando Sabino

Em março de 2013, ao despedir-me dos colegas de trabalho na Escola Municipal de Ensino Fundamental – EMEF Synésio Rocha, São Paulo (capital), passaram-me um cartão assinado por diversos colegas, com os quais convivi por um pouco mais de três anos. Neste “documento” que me foi entregue, na sua capa estavam escritas as palavras de Fernando Sabino, destacadas acima.
Na prática, o 8 de março daquele ano interrompia um ciclo de convivência nem sempre saudável, no seu aspecto das relações em um ambiente de trabalho. Porém, por se tratar de pessoas idôneas, conhecedoras de “direitos e deveres” sociais, havia um sinceridade latente entre todos, agradasse ou não a sua manifestação. Desse modo, as dissenções, quando existiam, se manifestavam sem que acarretassem na quebra do respeito e da amizade. A prova indubitável dessa afirmação não se baseia apenas nas palavras de Fernando Sabino que foram transcritas, mas em algumas expressões dos colegas ao assinarem o referido “documento”.
Patrícia Rossi, professora de alunos com necessidades especiais, bela e dinâmica – ainda que extremamente defensiva – ao citar os parabéns, acrescentou que “sejas muito feliz neste novo caminho a trilhar”.
O professor Luciano, sábio em palavras e no conhecimento de suas responsabilidades com seus alunos disse “sentir uma inveja boa” por saber que eu voltava para minha terra onde, segundo ele, a qualidade de vida em muito supera à de São Paulo, e encerra desejando-me sorte e felicidades.
Desejos de felicidades foi uma representação quase unanime. O “concorrente a ser batido”. Anna Luiza, professora que retornava à escola depois de um período ausente escreveu “desejo muitas felicidades”. “Seja feliz na nova empreitada” (Waldir, companheiro de corredor, amigo – ainda que nem sempre concordássemos nos acontecidos do dia a dia – e “musicólogo” finíssimo e de bom gosto. Sinto saudades, amigo). “... muitas felicidades em seu novo projeto” (Liduína, aparentemente frágil mas de uma valentia que assustava até aos do corredor); “felicidades sempre” (Maria Helena); “Sucesso e felicidades” (Penha, professora de projetos); “Felicidades mil”(Anna Cúrcio, excelente pessoa boa conselheira e que concordava comigo no combate à Renata: Somos PALMEIRENSES!!!! – morre de inveja, Renatinha).
O que poderia dizer da Renata? – seu grande defeito é torcer pelo “outro time”. Afora isso, é uma pessoa singular, a quem devo muito desde os meus primeiros dias no Synésio. Renata, querida, beijos (com a licença e o respeito por seu esposo, a quem não tive o prazer de conhecer). É da Renata o “Sr. Days, que o Senhor jesus te abençoe e multiplique suas vitórias. Felicidades”. Muitos outros professores e amigos se manifestaram: Tiago (português); Alessandro (ATE); Lenira (projetos); Kátia (séries iniciais); Roberta (idem); Marta e Fernanda (historiadoras); Lucy (matemática – com quem eu tirava minhas dúvidas relativas à álgebra e outras situações matemáticas); Sylvana, coordenadora, excelente pessoa, com quem pouco conversava mas que admirava muito por sua integridade e respeito – um abraço. Luciene, Vivi, Sônia...
Existem, no entanto, pessoas que, por razões diversas e particulares, mais nos aproximamos e isso acontece em qualquer nível das relações humanas. Mara Peseto é um exemplo. Bem mais que secretária da escola Mara se revelou um caráter extraordinário. É uma pessoa a quem tenho uma estima particular pela sua amizade e por ser extremamente compreensível. Beijos para você, Mara.
Marcia Amaral merece que, com a Licença do Raul Gil, “eu tire o chapéu” para ela. Sábia, dinâmica, visionária, sempre acreditando que os meninos do Synésio tem potencial. Saudades dos Saraus, Marcia.
Aizita – essa é tudo de bom em qualquer sentido (que o Lucas, maridão são-paulino me perdoe; não me falta respeito mas sobra inveja). Aizita, meu carinho particular.
Tive outros amigos e alguns por questões de remoção ou licenças não estavam presentes na minha despedida. A todos que fizeram parte da minha trajetória “Synesiana” meu abraço e respeito. Ao Suzuky, matemático e sistemático, mas grande amigo, meu abraço.
A última a ser citada escreveu o seguinte: “sentirei falta dos nossos cafés filosóficos... felicidades”. Não sem motivos deixei este nome para o final. Foi muito marcante o conhecimento e a convivência com a Diretora. Mentiria se afirmasse que sempre concordamos. Em nosso primeiro contato como profissionais ela foi dura para comigo (o caso dos meninos do EJA com o narguille). Além disso, por mais duas vezes ela me corrigiu com firmeza, ainda que em uma das ocasiões eu discordasse da sua atitude.
O que importa, porém, é o que aprendi em relação ao valor de uma amizade. A Diretora em várias situações estendeu-me a mão, esqueceu a hierarquia e “fez o barco navegar”. Nessas ocasiões foi amiga, foi gente, foi ser humano. Te agradeço querida e amiga Diretora. Te devo muito pelo que aprendi e sinto falta dos meus dias de Synésio. Um abraço forte de quem te estima muito.

Obs.: A Diretora, como não poderia deixar de ser, tem um nome: Marcia Aparecida. Para mim, no entanto, será sempre alguém que me “dirigiu” por um período próximo a quatro anos, o suficiente par mudar a minha mentalidade profissional.

sexta-feira, 18 de dezembro de 2015

MPB - Reconvexo - Maria Bethânia

Reconvexo
  
Eu sou a chuva que lança a areia do Saara
Sobre os automóveis de Roma
Eu sou a sereia que dança, a destemida Iara
Água e folha da Amazônia
Eu sou a sombra da voz da matriarca da Roma Negra
Você não me pega, você nem chega a me ver
Meu som te cega, careta, quem é você?
Que não sentiu o suingue de Henri Salvador
Que não seguiu o Olodum balançando o Pelô
E que não riu com a risada de Andy Warhol
Que não, que não, e nem disse que não
Eu sou o preto norte-americano forte
Com um brinco de ouro na orelha
Eu sou a flor da primeira música a mais velha
Mais nova espada e seu corte
Eu sou o cheiro dos livros desesperados, sou Gitá gogoya
Seu olho me olha, mas não me pode alcançar
Não tenho escolha, careta, vou descartar
Quem não rezou a novena de Dona Canô
Quem não seguiu o mendigo Joãozinho Beija-Flor
Quem não amou a elegância sutil de Bobô
Quem não é recôncavo e nem pode ser reconvexo.



A música tem isso de transmitir ideias e valores novos às nossas mentalidades.  Não basta apenas “gostar” da música. Conhecer a letra e identificar características, seus personagens e até, pode-se afirmar, suas mensagens ideológicas tem relevância. Maria Bethânia é um ícone da MPB e seu repertório é por demais competente para satisfazer ao mais variado gosto. Entre suas músicas, Reconvexo merece ser ouvida, senão por outro motivo, apenas pela sua beleza.


Brincando de cordel

Cordel - Minha Decisão
(Do sertanejo que veio a São Paulo e agora vai voltar)
DIAS, Eisenhower.

Eu quero te dizer agora
Coisa muito interessante
Que acontece toda hora
 E se repete a todo instante
Pense no que vou dizer
E vai aprender bastante

Vim de uma terra distante
Com uma vontade aguerrida
Sendo lugar muito longe
Deixei minha gente querida
Só nunca pensei ficar
Pro resto da minha vida

Aqui tem muito trabalho
Lá tem muita gente boa
Aqui eu ando de trem
Lá eu vou de canoa
Aqui o banho é quente
Lá o banho é na lagoa

No dia-a-dia da roça
Ou no forró de arrasta-pé
Encontro com João e Maria
Com Paulo, Marta ou José
Assim eu sigo a vida
Enfrentando o que der e vier

Aqui é bom, eu não nego
Pra quem quiser trabalhar
Muitos meios se oferecem
Para a vida se ganhar
Ocorre que não sou daqui
E nem vim para ficar

Aqui é muito engraçado
O que nós vemos na rua
Tem “homi” que é quase homem
Tem mulher andando nua
Mas ninguém é de ninguém
Todo mundo fica na sua

São Paulo é muito grande
Floriano muito pequeno
O que aqui se tem de sobra
Lá se fica devendo
Barriga aqui anda cheia
Lá ela anda encolhendo

Mas Floriano é terra boa
Cheia de muita alegria
Se choramos um pouco à noite
Sorrimos muito de dia
Mesmo o sol estando quente
A cabeça é sempre “fria”

São duas cidades boas
Dois lugares queridos
Tem muita gente bonita
E alguns corações feridos
Lugares de muitos amores
Amores às vezes bandidos
Não sei qual deva escolher
Tendo que fazer opção
É essa ou será aquela
Que move meu o coração
Qualquer que eu possa escolher
Será por uma boa razão

Não posso findar essa breca
Sem dizer que em Floriano
Tem muita mulher bonita
Nisso não há engano
Se uma me disser “fica”
Acho que acabo ficando!

Lá não tem o Palmeiras
Mas tem o Corisabá
E tem uns pássaros que cantam
O que eles sabem cantar
São simples, porém são belos
Tão belos como o sabiá

Com o coração a bater
Encerro minha peleja
A todos deixo um abraço
Com toda a minha certeza
Que aqui fiz bons amigos
Sem qualquer distinção que seja
(Dias – 04/03/2013)




O hobby da leitura

O estabelecimento de metas a serem atingidas no ano seguinte faz parte de uma rotina em todo final de ano, uma prática que já se repete há algum tempo.
Entre as metas que foram estabelecidas para 2015, ler 10 (dez) livros estava entre os compromissos a serem assumidos – o estabelecimento da meta por si só não se configura um compromisso.
Sem especificação de autor ou de gênero, a ideia era apenas ler, o que, ressalte-se, já é uma prática de muito tempo. Existe um “prazer consumista” no ato de ler. Foi o que me ensinou a ler – a prática da leitura.

Ler, ler, ler..
O que
Para que
Quando ler
Ler para que?
Sim, para que ler? – e o quê?
Tem benefícios?
Quais?
  - Ler é arte – dizem alguns
  - Ler é viver – diz a campanha publicitária
  - Ler ensina – ouve-se do professor
  - É uma “viagem”. – e se eu não gostar de viajar também?
Porque devo ler?
Para que ler tanto?
Apenas por passatempo
Meio de descobrir
Ou, quem sabe,
Mera “filosofia” de vida
 - O descortinamento de horizontes
Em diversas páginas
Ou em tantos autores
E em aventuras tantas
Ler é um método
Ensinando sobre a vida
Sobre tudo e todos
Sobre ser
O que somos!!!
         .x.x.x.

Com essa ideia consegui ler não 10 (dez), mas 16 (dezesseis) livros no ano de 2015. Autores variados; temas mais variados ainda – didáticos, romances policiais,  religiosos, aventura, etc. – sem nenhum segredo ou regra particular. Apenas “debrucei-me” sobre o livro e, usando de uma maneira particular adotada por amigos (professores da UESPI) “Bebi um pouco em diversos autores e temas...”.
Os livros lidos estão relacionados a seguir e uma boa leitura àqueles que assumirem essa proposta em 2016.

ALARCÃO, Isabel. Professores reflexivos em uma escola reflexiva.. 4. ed. – São Paulo: Cortez, 2005.

ARCHER, Jefrey. Falsa impressão. Rio de Janeiro: Reader’s Digest, 2014.

FABIO, Caio. O drama de Absalão. – Niterói (RJ): Vinde, 1995.

FREITAG, Bárbara. O indivíduo em formação. 3. ed. – São Paulo: Cortez, 2001.

FOLET, Ken. O terceiro gêmeo. – Rio de Janeiro: Rocco, 1997.

GOMES, Laurentino. 1822: Como um sábio, uma princesa (...), e um escocês (...) ajudaram a D. Pedro a criar o Brasil (...). – Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2010.

KONSALIK, Heinz G. Eles eram dez. 2. ed. – Rio de Janeiro: Record, 1979.

LAGERCRANTZ, David. A garota na teia de aranha. 1. ed. – São Paulo: Companhia das Letras, 2015.

LUDLUN, Robert. O Fator Hades. Rio de Janeiro: Rocco, 2001.

LUDLUN. Robert. O Mosaico de Parsival.  – Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1982.

ROBINS, Harold. Os implacáveis. – Rio de Janeiro (GB): Eldorado, 1949

SHELDON, Mary. Pandora. – Rio de Janeiro: Record, 2006.

SHELDON, Sidney. Quem tem medo de escuro. 8. ed. – Rio de Janeiro; Record, 2007.

SIMMEL. Johannes M. não matem as flores. – São Paulo: Circulo do livro, 1983.

WEST, Morris. A Salamandra. – Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1982.

WOLF, Fausto. À mão esquerda. – Belo Horizonte: Editora Leitura, 2007.


A REFORMA E AS SOLAS

Reforma Protestante – nome dado ao movimento reformista que surgiu no cristianismo em 1517 por meio do monge agostiniano Martinho Lutero. A ...