Nos
últimos dias temos ouvido e falado muito em corrupção. Falamos e ouvimos tanto
que, em menos de um ano, destronamos uma presidente da república e tiramos da
cadeira um presidente da câmara federal – uma das casas do Congresso Nacional.
Corrupção passou a fazer parte do cotidiano de todos aqueles que bradam em alto
e bom som “eu sou brasileiro, com muito orgulho e com muito amor” e que, em tal
condição, “não desistem nunca”. Abaixo, portanto, a corrupção, o nosso mal do
século.
É
sabido que esse não é um problema só nosso. Não somos os únicos a discutir e se
preocupar com a temática. Muitos países detentores da condição de pertencerem
ao que chamamos de primeiro mundo (os nomes serão preservados pelo zelo da
integridade de cada um – fato válido também quando se discute corrupção,
corruptores e correlatos). No nosso caso, as rodas de samba, o grupo reunido
que antes só discutia futebol ou mulheres bonitas – outro tema “abundante” em Terras Brasillis – e até estudantes
discutem sobre a questão do corrompimento. Não há nada de errado nisso, afinal
temos que discutir mesmo o que nos incomoda.
Por
ser o tema do momento, ainda que seu desfecho deu-se no mês passado (ago./2016,
quando a presidente caiu) recorremos a um pensamento especializado intuindo
entender melhor uma temática que tem mexido tanto com o nosso orgulho “de ser
brasileiro”.
Segundo
Bueno (1995) corrupção é “depravação;
suborno; desmoralização” e o seu desdobramento corromper importa em “estragar;
desnaturar; infectar; perverter física e moralmente; adulterar” (págs. 304/5).
Entendendo
a depravação como sendo degeneração mórbida (BUENO, 1995) o corrupto é um
degenerado que se estragou, que deixou de ser natural. É perverter valores
morais, segundo o autor supracitado. A partir do exposto a dura verdade é que
todos nós somos corruptos e nos corrompemos diuturnamente. Vejamos, pois, como
se processa tal fenômeno em nós que estamos tão indignados com a onda de
corrupção que assola nossas hostes:
Quando
furamos uma fila estamos nos corrompendo – claro!; talvez seja algo pequenino
que por ser pequeno nunca nos incomoda – mas é corrupção; quando aceitamos uma
“oncinha” ou uma “garoupa”, e isso depende muito do valor que damos a nós
mesmos e ao nosso voto, para votar no candidato X; quando recebemos um troco a
mais; quando saltamos do ônibus sem pagar a tarifa; quando pesamos com dez ou
vinte gramas de diferença a nosso favor e, já que falamos nos estudantes,
quando colamos nas nossas avaliações. Se agimos assim estamos nos estragando e
nos desmoralizando. Saímos do estado natural na promoção dos nossos aconteceres
e entramos em processo de depravação total. Dura verdade essa que ainda não
havíamos nos debruçado sobre ela para um simples meditar; para uma reflexão.
Resta-nos
então – e essa é outra verdade “debruçavel” – pensar bem antes de dizer que o
alfabeto todo está estragado, corrompido, vez que não dá, ante o que foi
colocado como práticas estragáveis, para apontarmos apenas “A”; “B” ou “C” como
corruptos e (ou) como agentes corruptores. Aliás, a propósito do que devemos
perceber, pensemos no que o grande Mestre (para os cristãos) ensinou: “tira a
sujeira do teu olho para que vejas melhor” (MT.7:5).
Nossos
representantes cercearam o direito de uma presidente eleita por nós e
destituíram um deputado presidente da câmara também falando por nós, sendo o
que nós queríamos ou não. Importa que falaram em nosso nome e os apontamos como
corruptos o que prova que não concordamos com seus comportamentos.
Comportemo-nos, pois, melhores.
Digamos não à
corrupção. Não há outra coisa a ser feita a não ser olharmos para nós mesmos.
Façamos isso.
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