Não veio em paz; não trouxe contigo
palavra amiga, mas de contenda.
Não quis falar de amor, mas aclareou que odeias...
A vida não é feita apenas de encontros;
desencontros acontecem e permeiam o existir do ser
humano.
Não há apenas um caminho reto
a ser caminhado; curvas e lombadas fazem parte,
por isso ser difícil, às vezes, caminhar;
por isso os erros
por isso os desamores.
“Não se ponha o Sol...”
O ódio (o teu) jamais será boa herança,
incomoda, te impede de amar, abrir o coração,
sentir as coisas boas da vida.
O amor é o ciclo da existência,
a sabedoria redireciona os passos,
acende o sinal verde
e permite trilhar seguro os teus caminhos.
Não trôpego, de incertezas,
onde impera desconfiança
e te dilacera o peito,
levando teu ser a se extinguir.
Reinventa, expande, bebe do néctar da vida,
sorri ao mundo e proclama “eu sou mais eu”!
Quando o tempo passa e muitos passos são dados
coisas acontecem, corações se encontram
e as emoções, sobras do confronto entre o querer
e o poder se definem
(e esses corações descobrem amor),
coisas estranhas acontecem
e amar não é estranho, mas odiar
obscurece, transtorna, desarrazoa...
Não deves – e não deves mesmo!,
te abater por amores vividos e deixados para trás
“o que passou, passou” – diz uma canção
“você foi...”, uma outra...
Essas coisas, velhas coisas do coração, inda
que marcantes, passaram.
Agora nova vida, novos rumos, novos amores
tudo se fez novo.
Saudade não significa requerer o que passou
ouvir “que ama” não é tomar de volta
o tempo, porém, jamais apagará
a importância de
um grande amor,
mesmo “coisa velha, que passou”,
as coisas velhas passaram...
Não há porque, então, o Sol se por
ante um coração enegrecido, irado,
sem razão.
Olha ao teu derredor, toma o amor que é só teu
ama e te derrama em amor – alegra
a alma abatida e
triste – o amor tem esse poder
de alegrar, rejuvenescer, dar sentido.
Reinventa, sonha, banha na chuva
sorri e colhe flores – e diz pra quem amas
“eu te amo” e oferece as flores colhidas
a esse ser amado – alegra o teu coração
vive a vida, efêmera vida
não dá lugar aos desamores.
Assim, ao cair da tarde, raios multicoloridos
hão que cintilar no horizonte
o Sol descerá em calmaria
e esse coração que é somente teu
receberá a noite em paz e com alegria.
(Zevall, fev./ 2018).