“Pelas
várzeas e chapadas do meu Piauí”
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Praça central de Simplício Mendes. Autor: Eisenhower/2018 |
Fui a Simplício Mendes, cidade da microrregião
do Alto Médio Canindé, no semiárido piauiense, em circunstâncias singulares.
Fui, na linguagem policial “reaver um bem que me havia subtraído”. No geral,
posso afirmar que a minha viagem, desde quando saí de casa na manhã do dia
26/02/18, valeu a pena em todos os seus aspectos e suas nuances. Por volta das
11h10 cheguei à urbe de destino. Sobre esta, ao conversar com um transeunte,
ele informou que
é uma
cidade pequena, mas muito movimentada. Sua agitação diária gira em torno da
praça central, onde se localiza, em meio ao emaranhado de casas comerciais,
bares e residências, a igreja matriz da nossa localidade. A impressão que passa é de uma
cidade desorganizada, onde não há leis de transito. Crianças pilotando moto e
sem capacete é vista a todo o instante; ás vezes trafegando três ou quatro,
principalmente meninas, em apenas uma moto; não há um policiamento voltado para
isso. Na noite o movimento aumenta e a praça fica cheia. Dia de feira, também
(morador que não quis se identificar).
Cumprida
a missão que me levou à cidade, preparei-me para retornar; dado o motivo
que me levara até ali, me encontrava muito ansioso para sair o mais rapidamente
possível. Ao fazer isso – sair do centro urbano – estaria iniciando um
“verdadeiro tour” por alguns municípios piauienses e, rapidamente, passando em
terras dignas de serem visitadas.
Saímos, eu e meu motivo da viagem, minha moto
uma Yamaha Factor 125, preta, ano de fabricação 2014 que se considerando as
circunstancias de como ela chegara até ali, se encontrava em bom estado de
conservação. Apenas o pneu traseiro requeria atenção durante a viagem. Mas ele
atendeu à responsabilidade durante o trajeto. Abastecimento feito, documentação
em mãos e “até a próxima, Simplício Mendes”. Deixamos a cidade por volta de
12h30; destino, Paes Landim. O tempo se mostrava perfeito para uma viagem de
moto, situação que mudaria de
configuração tão logo fosse ultrapassado o município de São Miguel do Fidalgo.
Com o tempo bom e o pouco movimento na estrada estabelecemos uma velocidade de
cruzeiro em torno de 85km/h. nada de pressa; cuidado com animais na pista, fato
comum nas estradas piauienses.
Entre os dois municípios duas paradas. A
primeira na entrada do projeto do Morro dos cavalos; a segunda, nas
proximidades da lagoa de Ipueira. Havia uma grande expectativa quando a
passagem por este local pois a aproximadamente 25 nos em passara por ali.
Lógico que o cenário estaria mudado; nesse meio tempo a lagoa já secara uma
vez. Agora há uma comunidade agrícola no seu entorno, situação que não existia
quando da primeira visita. Ambas as paradas foram devidamente registradas em
fotografias, claro. Outros precisam
conhecer “os caminhos por onde andamos”. E que caminhos.
Passado o município de Paes Landim e tendo
rumado para o seguinte – São Miguel do Fidalgo – o tempo já prenunciava
mudanças, o que não preocupava muito. Havia um outro tipo de preocupação: a
fome sinalizava, porem o frito estava garantido na mochila, faltando apenas
agua, o que garantiríamos na próxima cidade.
Quando fazíamos o percurso entre São Miguel do
Fidalgo e São José do Peixe, parei para o lanche, verificação das condições da
moto e, como o céu estava escurecendo, ajustamos a mochila na garupa,
devidamente protegida e continuamos. Foi quando “as janelas do céu se abriram”.
Em principio uma chuva moderada, tranquila; depois, sem nenhum acanhamento ela
veio muito forte. Apenas chuva, sem relâmpagos ou trovões. E foi assim até
próximo à cidade, quando diminuiu um pouco. Chegando em São José já não chovia
e pude fotografar o entroncamento e seguir viagem em direção a São Francisco do
Piauí.
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São Miguel do Fidalgo. Autor: Eisenhower/2018 |
Tão logo nos pusemos em movimento, talvez 4 ou
5 quilômetros saindo do município a
chuva voltou. Torrencial, barulhenta em virtude das árvores frondosas às
margens da estrada, mas ainda sem os trovões. Por duas vezes paramos a condução
para definir o que fazer ante a violência da chuva. Em algum momento antes da
nossa passagem e bem próximo de São Francisco do Piauí e em um espaço em torno
de 80 a 100 metros os ventos arrancara, pela raiz, quatro grandes árvores, três
destas caindo sobre parte da pista, o que exigiu que nossa viagem que já era
lenta, se tornasse mais lenta ainda. Desviamos e passamos sem poder fotografar
o local, vez que o celular se encontrava protegido e guardado para não sofrer algum dano.
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São José do Peixe Autor: Eisenhower/2018 |
Passamos pela cidade sob muita chuva; não havia
porque parar. O mesmo acontecendo quando cruzamos o povoado de Serrinha, 15
quilômetros adiante. A chuva só diminuiria ao nos aproximarmos de Cercado
Velho, uma comunidade já próxima ao entroncamento de São Pedro, às margens da
rodovia BR 230. Ao chegar nessa região já não chovia mais. Registramos a
passagem e descemos no sentido de Nazaré do Piauí, local onde trabalho.
Paramos para um devido descanso. Durante o
lanche encontramos alguns amigos e aproveitamos para conversar sobre a viagem e
sobre o retorno das aulas no dia seguinte, quando os professores retornariam da
paralisação. Depois disso, tudo pronto
para o último percurso da viagem, este de 45 quilômetros até Floriano, a
“princesa do sul do Piauí”, aonde chegamos por volta das 17h20.
Percorremos durante toda a viagem uma distância
em torno de 245 quilômetros entre Simplício Mendes e Floriano; desses, apenas
uma média de 55 km. foram transcorridos na BR 230; o restante em estradas do
interior piauiense.
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Acessoà BR 230 (de volta pra casa). Autor: eisenhower/2018 |
Apesar da chuva que diminuiu bastante o ritmo da viagem,
esta foi tranquila e cheia de novidades. Já havia percorrido esse trajeto em
1993 e a aventura necessária serviu pra relembrar algumas coisas daquela época.
Se perguntarem a mim se valeu a pena, direi que sim. Desopilou, trouxe novos
conhecimentos e renovou o sentimento de curiosidade por pontos dessa terra
querida chamada Piauí que ainda não conhecíamos. Havendo oportunidade, com a
graça do bom Deus que não permitiu que nada nos acontecesse, voltaremos
qualquer hora dessas em outra viagem.