O
que é identidade (...)
Para Hall o conceito de
identidade é demasiado complexo, pouco desenvolvido e pouco compreendido (p.8).
A partir desse enunciado fica evidente a carência de aprofundamento em torno da
temática estabelecida.
Principalmente após a virada
do século XX para o século XXI muitos conceitos foram modificados e outros foram
introduzidos nas mentalidades, seja por acrescentamento nos currículos, seja
por debates sugeridos e cobrados por organizações sociais – estas também tendo
proliferado após o advento do século XXI, anda que já existissem, mas em escala
menor.
Buscar – ou determinar – a
constituição da identidade torna-se, portanto, uma tarefa hercúlea, vez que há
uma volatilidade, esta movida por interesses subjetivos, na fixação da identidade.
O próprio Hall afirma em seu texto que a
identidade é formada na “interação” (aspas do Hall) entre o eu e a sociedade, o
que corrobora a ideia de interesse nas manifestações de identidade dos
sujeitos: a filiação partidária mudando de um para outro partido; a
transferência do documento eleitoral para votar em candidato X; o jogador –
antes só de futebol, hoje de várias modalidades – que se sente motivado a
defender em competições outro pais com o qual, diz ele, se “identifica melhor”
(aspas minhas), etc., são exemplos dessa volatilidade de afirmação do sujeito,
este, segundo Hall, conquanto portador de uma identidade unificada e estável,
se torna fragmentado.
A ideia de fragmentação nos
remete a Descartes (citado por Hall) que ao postular duas substâncias distintas
– matéria e mente – individualiza o sujeito pensante. A partir dessa individualidade,
suas escolhas são pessoais, até mesmo a sua identidade.
Somos, como já definido
anteriormente, movidos por interesses particulares, o que nos leva a mudanças
de conceitos, por mais arraigadas ou tradicionais que sejam suas
representações. Enfim, como Hall (1990) afirma, a identidade plenamente
unificada, completa, segura e coerente é uma fantasia.
A identidade fixa, pois,
seria uma utopia.