quarta-feira, 12 de agosto de 2015

Identidade

O que é identidade (...)
Para Hall o conceito de identidade é demasiado complexo, pouco desenvolvido e pouco compreendido (p.8). A partir desse enunciado fica evidente a carência de aprofundamento em torno da temática estabelecida.
Principalmente após a virada do século XX para o século XXI muitos conceitos foram modificados e outros foram introduzidos nas mentalidades, seja por acrescentamento nos currículos, seja por debates sugeridos e cobrados por organizações sociais – estas também tendo proliferado após o advento do século XXI, anda que já existissem, mas em escala menor.
Buscar – ou determinar – a constituição da identidade torna-se, portanto, uma tarefa hercúlea, vez que há uma volatilidade, esta movida por interesses subjetivos, na fixação da identidade. O próprio Hall afirma em seu texto que  a identidade é formada na “interação” (aspas do Hall) entre o eu e a sociedade, o que corrobora a ideia de interesse nas manifestações de identidade dos sujeitos: a filiação partidária mudando de um para outro partido; a transferência do documento eleitoral para votar em candidato X; o jogador – antes só de futebol, hoje de várias modalidades – que se sente motivado a defender em competições outro pais com o qual, diz ele, se “identifica melhor” (aspas minhas), etc., são exemplos dessa volatilidade de afirmação do sujeito, este, segundo Hall, conquanto portador de uma identidade unificada e estável, se torna fragmentado.
A ideia de fragmentação nos remete a Descartes (citado por Hall) que ao postular duas substâncias distintas – matéria e mente – individualiza o sujeito pensante. A partir dessa individualidade, suas escolhas são pessoais, até mesmo a sua identidade.
Somos, como já definido anteriormente, movidos por interesses particulares, o que nos leva a mudanças de conceitos, por mais arraigadas ou tradicionais que sejam suas representações. Enfim, como Hall (1990) afirma, a identidade plenamente unificada, completa, segura e coerente é uma fantasia.

A identidade fixa, pois, seria uma utopia.

De africanidades

Sou Negro
(Solano trindade)

Sou negro
meus avós foram queimados
pelo sol da África
minh’alma recebeu o batismo dos tambores
atabaques, gonguês e agogôs

Contaram-me que meus avós
vieram de Loanda
como mercadoria de baixo preço
plantaram cana pro senhor do engenho novo
e fundaram o primeiro Maracatu

Depois meu avô brigou com um danado
nas terras de Zumbi
Era valente como o quê
Na capoeira ou na faca
escreveu não leu
o pau comeu
Não foi um pai João
humilde e manso

Mesmo vovó
não foi de brincadeira
Na guerra dos Malês
ela se destacou

Na minh’alma ficou
o samba
o batuque
o bamboleio
e o desejo de libertação...

...x...x...x...x...x...x....x...

África
(NICOL, Davidson Abioseh)

Tu não és m país, África.
Tu és uma ideia.
Conformada com os nossos espíritos
Cada qual com o seu;
Para esconder os nossos medos
Cada qual com os seus;
Para alimentar os nossos sonhos
Cada qual com os seus.


Dois poemas vibrantes, no momento em que as consciências passam a refletir com mais intensidade sobre as africanidades, o seu “inserimento” na história do Brasil – que antecede ao tráfico negreiro – e  o seu valor como parte integrante de uma cultura que permeia toda e qualquer manifestação em solo de “terras brasilis”.

terça-feira, 11 de agosto de 2015

AMOR


Já disseram que as grandes ideias vem ao mundo
Mansamente, como pombas. Talvez, então, se ouvirmos
Com atenção, escutaremos, em meio no estrépito
De impérios e nações, um discreto bater de asas,
O suave acordar da vida e da esperança.
Alguns dirão que tal esperança jaz numa nação;
Outros, num homem.
Eu creio, ao contrário, que ela é despertada,
Revivificada, alimentada por milhões de indivíduos
Solitários,
Cujos atos e trabalho, diariamente,
Negam as fronteiras e as implicações mais
Cruas da História.
Como resultado, brilha por um breve momento
A verdade, sempre ameaçada,
De que cada e todo homem,
Sobre a base de seus próprios sofrimentos e alegrias,
Constrói, para todos.
                                                     Albert Camus


Perfil:






Sou Dias, Eisenhower V., natural de Floriano (PI), licenciado em História pela Universidade Estadual do Piauí – UESPI – 2002b; Especialista em Metodologia do Ensino de Filosofia pela Universidade da Grande Fortaleza – UGF – 2012. Sou tricolor carioca (Fluminense) e tenho como entretenimento a leitura e a música, priorizando a um bom livro, geralmente um suspense policial. Gosto ainda de um bom filme. Aos 57 anos de idade já tenho percorrido caminhos inusitados e surpreendentes por esse Brasil afora que muito oferece de belo para ser vislumbrado e aproveitado. Recomendo àqueles que gostam de viajar e de belas paisagens. O gosto pela História “aconteceu” ainda no tempo em que cursava o antigo ginasial e se encontra segurado em três pilares: a Revolução Russa, acontecida onde seria doravante a União Soviética, com toda a sua coragem de fazer frente ao sistema capitalista com o que, dantes, era apenas uma ideia: o socialismo; a II Guerra Mundial e todo um aparato montado pela aliança intuindo o esfacelamento do Eixo, força comandada por Adolfo Hitler e, por ultimo, a Ditadura Militar de 1964 a 1985, onde o Brasil viu-se, de repente, cerceado do direito de ser democrata. Tenho motivos para gostar de estudar particularmente este período, mas isso é assunto para outras oportunidades.  A partir de então me vi com a curiosidade aguçada a cada instante para os temas que fazem a História como a conhecemos hoje, rica e cativante em todos os seus meandros. 

A REFORMA E AS SOLAS

Reforma Protestante – nome dado ao movimento reformista que surgiu no cristianismo em 1517 por meio do monge agostiniano Martinho Lutero. A ...