quarta-feira, 12 de agosto de 2015

De africanidades

Sou Negro
(Solano trindade)

Sou negro
meus avós foram queimados
pelo sol da África
minh’alma recebeu o batismo dos tambores
atabaques, gonguês e agogôs

Contaram-me que meus avós
vieram de Loanda
como mercadoria de baixo preço
plantaram cana pro senhor do engenho novo
e fundaram o primeiro Maracatu

Depois meu avô brigou com um danado
nas terras de Zumbi
Era valente como o quê
Na capoeira ou na faca
escreveu não leu
o pau comeu
Não foi um pai João
humilde e manso

Mesmo vovó
não foi de brincadeira
Na guerra dos Malês
ela se destacou

Na minh’alma ficou
o samba
o batuque
o bamboleio
e o desejo de libertação...

...x...x...x...x...x...x....x...

África
(NICOL, Davidson Abioseh)

Tu não és m país, África.
Tu és uma ideia.
Conformada com os nossos espíritos
Cada qual com o seu;
Para esconder os nossos medos
Cada qual com os seus;
Para alimentar os nossos sonhos
Cada qual com os seus.


Dois poemas vibrantes, no momento em que as consciências passam a refletir com mais intensidade sobre as africanidades, o seu “inserimento” na história do Brasil – que antecede ao tráfico negreiro – e  o seu valor como parte integrante de uma cultura que permeia toda e qualquer manifestação em solo de “terras brasilis”.

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