Sou
Negro
(Solano
trindade)
Sou negro
meus avós foram
queimados
pelo sol da África
minh’alma recebeu o
batismo dos tambores
atabaques, gonguês e
agogôs
Contaram-me que meus
avós
vieram de Loanda
como mercadoria de
baixo preço
plantaram cana pro
senhor do engenho novo
e fundaram o
primeiro Maracatu
Depois meu avô brigou com um
danado
nas terras de Zumbi
Era valente como o quê
Na capoeira ou na faca
escreveu não leu
o pau comeu
Não foi um pai João
humilde e manso
Mesmo vovó
não foi de brincadeira
Na guerra dos Malês
ela se destacou
Na minh’alma ficou
o samba
o batuque
o bamboleio
e o desejo de libertação...
...x...x...x...x...x...x....x...
...x...x...x...x...x...x....x...
África
(NICOL, Davidson Abioseh)
Tu não és m país, África.
Tu és uma ideia.
Conformada com os nossos
espíritos
Cada qual com o seu;
Para esconder os nossos medos
Cada qual com os seus;
Para alimentar os nossos sonhos
Cada qual com os seus.
Dois
poemas vibrantes, no momento em que as consciências passam a refletir com mais
intensidade sobre as africanidades, o seu “inserimento” na história do Brasil –
que antecede ao tráfico negreiro – e o
seu valor como parte integrante de uma cultura que permeia toda e qualquer
manifestação em solo de “terras brasilis”.
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