Entre as muitas coisas dais
quais muito me orgulho – um orgulho saudável, construtivo, bacana – está o fato
de já ter viajado muito. Eu gosto de viajar e, querem saber de uma coisa? Gosto
de viajar de ônibus. Sim, o ônibus nos permite ver coisas, lugares e gentes. É
verdade que cansa, mas vale o sacrifício.
As viagens que tenho
empreendido por vários lugares desse imenso Brasil tem-me proporcionado um
outro prazer: fazer amigos, muitos amigos muitos e diversos nas suas origens e
gostos. São os Frazés, os Waldis, as Márcias, Os Samuels Sousa, Os Kayos, as
Zenaides, as Suzanas, os Pedros – entre estes, os Pedros, um que se propôs, em uma noite paulistana,
atuar como um autêntico chauf-feur
juntamente com sua garota, onde conhecemos um pouco d noite da capital
paulista.
Há as Marias, os Josés, os Romualdos,
outros Pedros e outras Marias... os Antonios, os Washingtons, as Beatrizes, os
Raimundos, as Joanas e os Luises e tantos outros, enfim, que me faz poder dizer que construí amizades
no decorrer da graça de viver, a mim concedida. É por isso que me proponho a
falar de amigos. Posso citar um grupo especifico de amigos que construí
recentemente: o meu grupo de alunos do Terceiro ano/2017 do João Leal.
Gosto de pensar no “você meu
amigo de fé, meu irmão, camarada; amigo de tantos caminhos e de tantas
jornadas....”. ou no “tenho um amigo e preciso te falar, do amor e da amizade
que ele tem...”. São músicas que exaltam e valorizam a amizade, objeto
importante na relação pessoal e que se encontra um pouco esquecido, deixado de
lado, não mais fomentado...
Deixo o poema a seguir pra
todos que acreditam, que cultivam que
tem e que gostariam de ter amigos. É anônimo, não tem um crédito de autoria,
mas não importa. Consideremos que o autor se coloca, a partir de agora, dentro
do nosso círculo particular de amigos.
Procura-se
um amigo
Não precisa ser homem, basta
ser humano, ter sentimento; basta ter coração. Precisa saber falar e calar e,
sobretudo, ouvir.
Tem que gostar de poesia, da
madrugada, de pássaros, do sol, da lua, do canto dos ventos e das canções da
brisa.
Deve ter amor; um grande amor
por alguém, ou então sentir falta de não ter esse amor. Deve amar ao próximo e
respeitar a dor que os passantes levam consigo; deve guardar segredos sem se
sacrificar.
Não é preciso que seja de
primeira mão, nem é imprescindível que seja de segunda mão; pode já ter
sido enganado, pois todos os amigos são
enganados. Não é preciso que seja puro, nem que seja de todo impuro. Mas não
deve ser vulgar.
Deve ter um ideal e medo de
perdê-lo, e no caso de assim não ser, deve sentir o grande vácuo que isso
deixa. Deve sentir pena das pessoas tristes e compreender o imenso vazio dos
solitários. Deve gostar de crianças e lastimar os que não puderam nascer.
Procura-se um amigo para
gostar dos mesmos gostos; que se comova quando chamado de amigo. Que saiba
conversar de coisas simples, de orvalho, de grandes chuvas e das recordações da
infância.
Precisa-se de um amigo para
não enlouquecer, para contar o que viu de belo e triste durante o dia, dos
anseios e realizações; dos sonhos e da realidade. O amigo deve gostar de ruas
desertas, de poças d’água e de caminhos molhados; de beira de estrada, de mato
depois da chuva; de se deitar na grama.
Precisa-se de um amigo que
diga que vale a pena viver, não porque a vida é bela, mas porque já se tem um
amigo. Precisa-se de um amigo para parar de chorar; para não se viver debruçado
no passado em busca de memórias perdidas.
Que bata nos ombros, sorrindo
e (ou) chorando, mas que nos chame de amigo... Para ter a consciência de que
ainda se VIVE...