sexta-feira, 24 de março de 2017

Procura-se um amigo

Entre as muitas coisas dais quais muito me orgulho – um orgulho saudável, construtivo, bacana – está o fato de já ter viajado muito. Eu gosto de viajar e, querem saber de uma coisa? Gosto de viajar de ônibus. Sim, o ônibus nos permite ver coisas, lugares e gentes. É verdade que cansa, mas vale o sacrifício.
As viagens que tenho empreendido por vários lugares desse imenso Brasil tem-me proporcionado um outro prazer: fazer amigos, muitos amigos muitos e diversos nas suas origens e gostos. São os Frazés, os Waldis, as Márcias, Os Samuels Sousa, Os Kayos, as Zenaides, as Suzanas, os Pedros – entre estes, os Pedros,  um que se propôs, em uma noite paulistana, atuar como um autêntico chauf-feur juntamente com sua garota, onde conhecemos um pouco d noite da capital paulista.
Há as Marias, os Josés, os Romualdos, outros Pedros e outras Marias... os Antonios, os Washingtons, as Beatrizes, os Raimundos, as Joanas e os Luises e tantos outros, enfim,  que me faz poder dizer que construí amizades no decorrer da graça de viver, a mim concedida. É por isso que me proponho a falar de amigos. Posso citar um grupo especifico de amigos que construí recentemente: o meu grupo de alunos do Terceiro ano/2017 do João Leal.
Gosto de pensar no “você meu amigo de fé, meu irmão, camarada; amigo de tantos caminhos e de tantas jornadas....”. ou no “tenho um amigo e preciso te falar, do amor e da amizade que ele tem...”. São músicas que exaltam e valorizam a amizade, objeto importante na relação pessoal e que se encontra um pouco esquecido, deixado de lado, não mais fomentado...
Deixo o poema a seguir pra todos que acreditam,  que cultivam que tem e que gostariam de ter amigos. É anônimo, não tem um crédito de autoria, mas não importa. Consideremos que o autor se coloca, a partir de agora, dentro do nosso círculo particular de amigos.

Procura-se um amigo

Não precisa ser homem, basta ser humano, ter sentimento; basta ter coração. Precisa saber falar e calar e, sobretudo, ouvir.
Tem que gostar de poesia, da madrugada, de pássaros, do sol, da lua, do canto dos ventos e das canções da brisa.
Deve ter amor; um grande amor por alguém, ou então sentir falta de não ter esse amor. Deve amar ao próximo e respeitar a dor que os passantes levam consigo; deve guardar segredos sem se sacrificar.
Não é preciso que seja de primeira mão, nem é imprescindível que seja de segunda mão; pode já ter sido  enganado, pois todos os amigos são enganados. Não é preciso que seja puro, nem que seja de todo impuro. Mas não deve ser vulgar.
Deve ter um ideal e medo de perdê-lo, e no caso de assim não ser, deve sentir o grande vácuo que isso deixa. Deve sentir pena das pessoas tristes e compreender o imenso vazio dos solitários. Deve gostar de crianças e lastimar os que não puderam nascer.
Procura-se um amigo para gostar dos mesmos gostos; que se comova quando chamado de amigo. Que saiba conversar de coisas simples, de orvalho, de grandes chuvas e das recordações da infância.
Precisa-se de um amigo para não enlouquecer, para contar o que viu de belo e triste durante o dia, dos anseios e realizações; dos sonhos e da realidade. O amigo deve gostar de ruas desertas, de poças d’água e de caminhos molhados; de beira de estrada, de mato depois da chuva; de se deitar na grama.
Precisa-se de um amigo que diga que vale a pena viver, não porque a vida é bela, mas porque já se tem um amigo. Precisa-se de um amigo para parar de chorar; para não se viver debruçado no passado em busca de memórias perdidas.

Que bata nos ombros, sorrindo e (ou) chorando, mas que nos chame de amigo... Para ter a consciência de que ainda se VIVE...

Nenhum comentário:

Postar um comentário

A REFORMA E AS SOLAS

Reforma Protestante – nome dado ao movimento reformista que surgiu no cristianismo em 1517 por meio do monge agostiniano Martinho Lutero. A ...