quarta-feira, 26 de abril de 2017

REBELDES EM SOCOPO

REBELDES EM SOCOPO

O Geração Escolhida é um grupo de interação. Desde a sua criação tem-se voltado para aproximar velhos conhecidos que se encontram distantes, tem reavivado imagens e “feições” esquecidas pelo tempo, através de fotografias (as de antigamente duravam perfeitas) e faz com que laços de amizades sejam atados e reatados, o que tem contribuído para o engrandecimento e comunhão de seus participantes. Ressalte-se ainda a necessidade desse aproximamento em função de a maior parte do grupo ser de remanescentes das década de 1970 e 1980 – na época, brotinhos, hoje avós, senão todos mas a maioria – e que se distanciaram por força das suas responsabilidades pessoais, de trabalho, etc.

Esse grupo tem história porque fez história. Quando se encontravam, todos se destacavam por suas características particulares a serviço do Senhor do encontro – JESUS – o motivador das vidas. O hoje pr. Guimarães, por exemplo, à época era “guima”, alcunha do famoso (entre as meninas) Antônio Luís Guimarães Missias – é claro que os concorrentes não gostavam do seu sucesso entre as “minas”. Este era quem geralmente dirigia as peças cômicas nos momentos sociais, ainda que em algumas situações fosse repreendido por seus “exageros” teatrais, por parte da morena Maria Do Carmo. Ivete Martins – antes Ribeiro Mota, era líder em potencial. Arrebanhava, cativava e, quando preciso, corrigia alguém que ao menos tentasse sair da linha. Elias era o líder namorador; arranjava tempo para as duas coisas, mesmo que parecesse mais um cipó de tipi de tão magro, havia quem gostasse...; Havia também o Sampaio, sempre simpático e pronto para deixar a sua turma sempre alerta. Também líder; também namorador. E conseguia tocar violão quando sobrava tempo. Além desses, se sobressaiam outros. Muitos outros, para ser mais exato.
Diversas histórias podem ser contadas de acontecimentos motivados pela mistura de todos esses “gênios” que compunham a massa cristã reunida em Socopo a cada meio de ano. Inteligências e qualidades misturadas geram criatividades nem sempre bem entendidas. Foi o que  aconteceu no acampamento de 1977.

Todos os participantes de acampamentos daquela geração sabem que se ia à Socopo por vários motivos: louvor e adoração, aprendizado, encontro com amigos, namoro (muitos casamentos começaram ali)... e as brincadeiras nas sociais noturnas. Quem  não rodou cantando “três solteiros a passear”; ‘minha sabiá, minha sabelê” (até hoje se tenta descobrir o que seria uma sabelê) ou “um belo cachorrinho sentado na janela” ? – diga-se de passagem que o nome do cachorrinho da janela era bingo. Era porque ele deixou de existir no seio dos irmãos hoje em dia ; ninguém brinca mais disso; não tem  graça.
Foi nesse clima que se chegou ao acampamento no ano citado. Só que ninguém se lembrou de combinar a programação noturna com “Jorjão”, o americano diretor linha-dura do encontro. Ele já decidira que não haveria social naqueles dias. Não nos moldes de brincar até depois da meia-noite. Sua atitude repressiva – termo emprestado da Ditadura Militar – deu lugar ao outro diretor, este de sociabilidade, Guimarães, a exercitar a sua liderança em campo diferente. Literalmente.

Quando todos já se encontravam nas suas acomodações noturnas e esperando apenas caírem nos braços de Morfeu , enquanto o grupo de pastores subia o Morro da Vitória para momento de oração, Guimarães se dispôs a arrebanhar um grupo de rebeldes que deveriam “mostrar à direção do acampamento que estavam insatisfeitos com a tal de atitude repressor”.

Entre os que ouviram e acompanharam o líder social rebelde estavam Domício Almeida, Juvenal Braúna (in memorian), Davi (de Teresina), Jarbas Filho, Daniel Almeida, este que escreve, etc. Não é lembrado se Elias e Davi Valentin seguiu o líder, o certo é que, ao todo, dez compunham o grupo que sairia do sitio em atitude que se esperava ser furtiva, indo sentarem-se para tocar violão no mangueiral do outro lado da pista em Socopo. Mas foram vistos saindo! E o observador se propôs a interromper o momento de oração e dedurar o ousado grupo de insatisfeitos. Aí a correria começou.

Na “caçada” aos fujões carros desceram em direção à cidade; carros subiram na direção oposta, com todos imbuídos na missão de encontrar àqueles que ousaram quebrar o sistema de segurança do sitio e escapar para outras paragens. O mérito da busca e apreensão, depois de muito vai-e-vem, coube ao Pr. Mário Gomes de Barros, diplomata por excelência, que depois de longa conversa com um apoplético Pr. George, conseguiu livrar a cabeça de todos. Mas a noite continuaria animada. Se a saída pode ser considerada um fiasco, os cochichos e dedos apontando depois faria com que todos – os  que se rebelaram – se sentissem heróis, principalmente no meios dos que foram ao acampamento pela primeira vez.

Mas os diretores não acharam graça nenhuma no feito e decidiram que todos seriam punidos sendo suspensos de participar nos encontros futuros em Teresina, em Socopo. Esta decisão entristeceu a todos, mas, mesmo a esse custo, fortaleceu o grupo, não só aos que saíram e sim de um modo geral. Entretanto, uma reunião organizada próximo ao acampamento seguinte anistiou a todos e um “edital foi publicado”, concedendo aos transgressores o direito de participar do encontro em 1978. Que alegria!
Vale a pena lembrar. Ou não?
Por: Zenral, 2017.


sábado, 22 de abril de 2017

CARTA P/ ELA

Recentemente, foi  pedido a um jovem candidato a uma vaga em uma importante empresa, que este escrevesse, como requisito de adesão, uma carta. Esclareceram-lhe que o tema era livre, ou seja, o candidato escreveria sobre o que bem lhe aprouvesse, e sua carta ficou assim:

De qualquer lugar desse imenso Brasil, 21/abril/ de tempos idos.

Oi, menina. Saudades!

Possivelmente seja uma surpresa para ti eu voltar, depois de tantos anos a escrever-te novamente. É certo que já escrevi outras vezes como é certo, também, que tu sempre esperavas minhas cartas do mesmo modo em que eu ansiava as tuas, o que não é como nesse instante. Te confesso que para mim também é surpresa que eu esteja com caneta e papel na mão e que esteja escrevendo uma missiva endereçada a ti.
A verdade, como nós dois sabemos, muito tempo se passou desde as ultimas correspondências trocadas entre nós. Parece, no entanto, que o tempo – algo em torno de trinta anos – não foi o suficiente para te apagar da minha memória, quiçá do meu coração e a prova dessa minha afirmação é que, tendo encontrado como te localizar, empenhei-me em ti dar noticias.
Não espero que tu te enchas de alegria ante o que estou fazendo. De modo algum. Não espero ainda por nenhum tipo de perdão ou de aceite de desculpas pela maneira como saí por aí sem te anunciar ou manifestar qualquer sentimento de consideração, ao ponto de te avisar que ia e para onde. Falhei neste fim. Tenho a meu favor – assim espero – a falta de experiência de alguém maduro, já pronto a saber lidar com situações equivalentes à nossa, o que me remete a uma musica posterior à nossa despedida, se é que esta tenha acontecido, mas que tem muito a ver com o que estava acontecendo. Diz a letra da canção;
“Apenas você tem o dom de mudar meu destino,
é só me tocar com teus olhos e pareço um menino.
Deitado em teu colo o mundo não me surpreende,
Sou homem maduro mas na tua frente
Pareço um menino”.

Creio que tive oportunidade de mudar muitos aspectos da minha vida naquele momento. Poderia ter confiado mais em ti; ter me imbuído de responsabilidades – a idade já me permitia que assim fosse – e reconhecido a dedicação, o respeito e o carinho (note que omiti amor) que devotavas a mim. Não assumi uma postura adequada a um homem. Sempre me comportei como um menino na tua presença. Agi mal!
Talvez estejas a perguntar  razão de, tanto tempo depois, eu ti escrever sobre essas coisas. É provável que nem consiga entender, mas tentarei te explicar.
Como eu disse anteriormente não estou a procurar por indulgencia. De modo algum! Sabemos, tu e eu, no entanto, que o tempo fez, em parte, seu papel nos tornando adultos e nos dando oportunidades a ambos de várias formas. Em um aspecto, porém, ele – o tempo – se mostrou violento: não nos fez esquecer que um dia nos conhecemos e que fomos significativos um na vida do outro. Oportunidade de deixar o esquecimento prevalecer, tivemos – eu tive. Não sei se quis e sempre me dediquei a ter noticias tuas, a ti procurar para, ao menos saber se estavas bem. Obstante a isso, por duas vezes estive próximo a ti e vendo que estavas bem, parti sem me deixar ver.
Alegra-me que tenhas conseguido a graça de estar bem em vários aspectos da tua vida. Sempre te quis muito bem, assim como sempre te devotei o melhor dos meus  sentimentos. Só me afastei por entender que buscavas mundos maiores que os meus; que querias o que, no momento (e hoje ainda) eu não poderia te dar. E foi assim e por isso que desapareci dos teus caminhos apesar de sempre saber para onde ias.
Creio que estou bem. Esforcei-me muito e aprendi a encarar a vida de frente, com todas as suas nuances, com todos os seus obstáculos e com suas diversas matizes. Andei muito, me diverti e sorri bastante. Mas chorei outros  tantos. Não sei se me tornei melhor; não creio. Mas sei que enfrentei melhor as situações.
Finalizando resta te dizer que as dificuldades atingiram também a minha vida espiritual, mas, pela graça do Senhor, jamais deixei de reconhecê-lo como fundamental na minha vida. Tenho chegado até aqui pela Sua permissão.
Assim, fico por aqui. Já muito tenho tomado da tua atenção. Desculpa-me apenas por isso. Desejo-te o melhor que se possa querer com amor e pelo amor, com muito respeito e carinho,

                  De quem conheces bem.





sexta-feira, 21 de abril de 2017

Sonhos de Jainy

Sonhos

Todos nós, seres humanos, temos um sonho. Sem exceção.
Cada um com seu sonho em particular que se resume na vontade de realizar algo.
Sonhos são importantes para nós; sem sonhos não há motivos para a vida. Não falo de sonhos materiais, mas daquele tipo de sonho tal como o de realizar-se profissionalmente, viver um grande amor ou o de ter saúde para continuar a viver e sonhar pois os sonhos nos mantem vivos. São combustíveis que mantem acesa a vontade de viver para sonhar cada vez mais.
A vida é feita de sonhos. As tristezas são sonhos destruídos; as alegrias, os sonhos realizados. As lutas são os  sonhos em andamento e as derrotas são sonhos que devem ser recomeçados.
A esperança é aquilo que sonhamos construir.

Por Jainy Carolline Reis Costa

Turma 211, 2016.

quinta-feira, 20 de abril de 2017

A história de Antonio Libério

Em 20116 foi lançado, pela Unidade Escolar João Leal, de Nazaré do Piauí, a coletânea de crônicas Retratos do Cotidiano. Esta coletânea é resultado de um projeto encabeçado pela professora Leuzimar, onde diversos alunos tiveram oportunidade de escrever algum relato que tivesse algo a ver consigo. Textos livres, narrados com simplicidade, retratando situações diversas. Muitas delas comoventes, como o texto a seguir:

BURITI GRANDE

Em um lugar considerado por muitos longe de tudo e perto do nada encontra-se uma vila escondida em meio à floresta. Com tão pouco movimento e barulho que dá para escutar as lagartas mastigando as folhas; é lá que mora o Senhor Antônio Libério Lima, o morador mais ilustre da vila, conhecido por seus vizinhos como “Caipora”; o nome veio em prol do amor a natureza, ele protegia, preservava e cuidava dela. Mas nada que pudesse evitar a invasão de caçadores ilegais que além de matarem os animais, faziam retiradas da madeira da floresta. Por muitas vezes, este conseguia evitar, mas, em outros casos não. O senhor resolveu então fazer uma denúncia às autoridades do ramo –  O IBAMA.
Em uma manhã de domingo no meio da temporada de caça o IBAMA resolveu fazer uma visita ao local. Ao chegar encontraram, perseguiram e capturaram um grupo de seis caçadores que foram levados em detenção mas pagaram fiança e foram libertos. Mal sabia o “caipora” que estaria correndo um perigo de morte. A denúncia gerou revolta nos caçadores que decidiram tirar a vida dele em um ato de total covardia. Quatorze dias após a denúncia, o caipora pegou seu cavalo e saiu para vistoriar a floresta. No meio do percurso ele deu de testa com os caçadores que o capturaram vivo e o torturaram até a morte.
Os vizinhos preocupados com a demora foram atrás, em meio a mata, depois de tanta demora na busca o encontraram e, à sua volta havia muitos animais. Um dos vizinhos falou:
___ Meus amigos, aí está a prova de que quem cuida da natureza é reconhecido por ela.
Outro vizinho externou sua indignação:
___ Como pode uma morte tão triste? – Mas ele morreu fazendo o que mais gostava. Cuidando da natureza.
         Moradores do local dizem que o espírito de Antônio Libério Lima vaga até hoje amedrontando e expulsando os caçadores de sua floresta. Dizem que ao entardecer, o homem de cabelo em chamas, montado em um cavalo com uma lança na mão virou o eterno guardião das florestas, conhecido como caipora. Daí por diante nunca mais foi visto caçadores naquela região que hoje é área preservada do parque florestal Buriti Grande.
Autor: Gabriel Mateus Ferreira De Moura / Turma 212 - UEJL



sábado, 15 de abril de 2017

Reencontro da Geração Escolhida


A partir de meados da década de 1970 um programa veiculado no contexto dos Batistas do Brasil nas emissoras de televisão chegaria aos jovens do Nordeste e, mas precisamente no que interessa a essa lucubração, aos do Piauí e Maranhão e muito acrescentaria às suas vidas. Com uma mensagem de louvor que cativava e preenchia anseios existentes e com uma reflexão proferida por um pastor “que sabia” o que e como falar aos jovens o Reencontro – programa de responsabilidade da Igreja Batista de Niterói (RJ), encabeçado pelo pastor Nilson do Amaral Fanini – marcou o seu tempo.


A JUBAPIMA – instituição da juventude Batista do campo Piauí/Maranhão coadunou com a mensagem do Reencontro e aprendeu e cresceu espiritualmente com o programa e é possível entender que muito sentiu quando este – o programa findou as suas apresentações. Mesmo sendo um programa de curta duração em cada apresentação era dinâmico o suficiente ao apresentar a sua mensagem de salvação através de Jesus Cristo e os jovens se apegaram e entenderam essa mensagem.



Recorrendo a um dicionário (HOUAISS, 2011) em busca de uma compreensão ampla do seu significado reencontro é, então, “ato ou efeito de reencontrar (se); novo encontro; redescobrimento (p.802)”.  Esse ato ou efeito de reencontrar-se foi despertado em um grupo de pessoas – jovens na época citada inicialmente, e com todo um cabedal de sonhos variados, hoje senhores e senhoras, pais e mães de famílias, pastores, empresários, liberais, etc. – que desejam reviver as alegrias de terem-se conhecido, compartilhado a mesma fé e “construído seus castelos” a partir de momentos vividos em congressos e acampamentos realizados  sob os auspícios da JUBAPIMA. A partir de então, encabeçado por um grupo de irmãos que desde tempos idos já se revelaram lideres, o Geração Escolhida, canal de compartilhamento em uma rede social e que visa reaproximar remanescentes daqueles tempos, entra em ação.


Nominar a todos que se encontraram ou se encontravam em acampamentos e congressos a partir do recorte temporal estabelecido, sem recorrer a registros das reuniões seria uma tarefa ao menos extenuante. É possível, porém, elencar os que desde os primeiros instantes se revelaram lideres. Evani Macedo, Lucidalva, Hedy (no inicio Carvalho, hoje Lima), Geiel, Luiza Brasilino, Suzana Sousa, Leontina Medrado, Loide Nery, Rosinha, Pr. José Martins, Ilnete Assumpção, Sonia Bonfim, Misael, Ivete Martins, Antônio Luís Guimarães Messias – Pr. Guimarães – José Brito, Tamar Lima, Ester Pamplona, Juceli Nascimento, Antônio Aguiar, José Félix, Jessé Assunção.


À essa lista é possível acrescentar outros irmãos e amigos participantes da mesma graça e dos encontros que, no entanto, ainda não estão em rede. Quem não lembra de Carlos Jonatas e Davi Valentin, Jarbas Gomes Sousa Filho (Jarbinha), Luzeni Araujo, Arlete Sousa, Enivaldo Pereira (Kent), Domicio e Daniel Almeida, Juarez Carvalho, Marsônia (São João dos Patos), Israel (irmão do Pr. Nazareno, hoje morando em Balsas/MA), Luís Almeida, João Ivo Filho (Timon/MA), Iris, Ivete Campos, Maria Ducarmo, entre tantos outros nomes...


Estes e alguns outros estão de volta. Compõem o Geração Escolhida, que nasce então intuindo justificar o cântico do rei Davi no Salmo 133 que diz “Oh! Quão bom e quão suave é que os irmãos vivam em união”. Irmãos que se encontram distantes geograficamente, mas que, ao mesmo tempo sempre estiveram “unidos no corpo de Cristo”.


É uma geração que cresceu ouvindo VPC, Logos, Álvaro Tito, Ozéas de Paula, Novo Alvorecer, Rebanhão, Jorge Araújo, Eula Paula dentre uma constelação de homens e mulheres também escolhidos, ao seu tempo e modo, para o serviço do Rei. O sonho proposto agora é o reencontrarem-se para justificar a saudade sentida, para relembrar, para sorrir e chorar juntos, para reafirmarem os votos de amizades e de irmandade em Cristo Jesus, através não só de redes sociais mas de um congresso “retrô”, porque não?




Resta pois, ante essa iniciativa benéfica que foi proposta e executada através de um canal social, conclamar como o salmista no cântico dos degraus: “grandes coisas fez o Senhor por nós, e, por isso, estamos alegres (126:3)”.

A REFORMA E AS SOLAS

Reforma Protestante – nome dado ao movimento reformista que surgiu no cristianismo em 1517 por meio do monge agostiniano Martinho Lutero. A ...