sábado, 22 de setembro de 2018

Apenas solidão

Desconforta a solidão.
hão há paz, não há alegria,
não há nada.
solidão amorfa, indolor,
apavorante até...
não há certeza nos planos
quanto ao amanhã
ou melhor, não há amanhã;
ao menos em relação aos sentimento
que afligem meu ser.
não há um beijo
ou um abraço
nem a espera de que, de repente
alguém querido se achegue.
Ou há, talvez,
tênue esperança de que ali
próximo ou além do horizonte
o chamamento do coração solitário
mova e como outro coração;
este, solidário, a partilhar 
triste momento só,
desamorado, distante de apegos
de uma paixão a não existir;
a desabrochar em outros rumos
que não os meus - quiçá os teus.
mesmo assim, há, pois, se bem penso,
amor na solidão
e esse amor é chama que se alimenta
a queimar enlevo por um alguém ausente
- expectativa justificada
por palpitares ante a um olhar; 
num sorriso monalístico que se traduz em espera
de roçares corporais adiados;
de beijos lascivos apenas imaginados.
Esperança sempre adiada e a machucar...
solidão, solidão! (...)
do umbral da janela
certo olhar revela a lua dos apaixonados
característica de amantes 
que nunca estão sós.
o que é isso, solidão?
Nem nas inquietações de quente noite
mas que impera a prateada 
e bela luz do luar
tu te ausentas de mim?
me tornas, pois, assim,
um amante - não de meus possíveis
(e esperados) amores,
mas, de ti, solidão.

Zevall, set./2018)

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