terça-feira, 5 de fevereiro de 2019

Histórias que a vida não conta.

No dia a dia muitas coisas nos acontecem e nem sempre temos a percepção destes acontecimentos e, ainda, não conseguimos repassá-los àqueles que, de uma e outra maneira, estiveram envolvidos ou se envolveram no decorrer dos fatos. Na maioria das vezes são coisas simples; outras vezes, porém há uma complexidade que nos induz à reflexão e nesse instante, tempo, espaço e sujeitos envolvidos se fazem interessantes.
Mas o que determina se um fato observado se caracteriza como simples ou como complexo? - Diria que um pneu de um carro que baixou em uma rodovia é um fato simples. Já um acidente que envolva este mesmo carro se torna um fato complexo vez que envolve diversos fatores a serem considerados, a saber, danos materiais, possibilidade de vítimas, envolvimento de técnicos e policiais, fechamento do trânsito e, como não poderia deixar de ser (e ter), a ação de transeuntes.
Para que se entenda as possíveis ações de transeuntes, dia 03/fev./2019, por volta das 15h00, a aproximadamente 7 quilômetros do município de Sucupira do Riachão (MA), quando voltava de uma viagem em Santo Antonio dos Lopes, também no Maranhão, por uma questão de displicência e relaxamento perdi o controle do veículo que estava a dirigir. Quando percebi estava saindo da pista; ao tentar controlá-lo, ele foi pra o lado contrário e, de repente, voltou para a origem e foi quando percebi que nada mais restava a não ser me segurar e esperar o confronto com o que me esperasse.
Seria preciosismo se eu dissesse que pensei em alguma coisa naquele instante. A rapidez do acontecimento não permite. Se há algum sentimento é o de solidão; saber que está só e seja o que acontecer será apenas com você. É isso - fazendo uso de licença poética - o que senti ali: solidão.
Foi quando consegui ouvir alguém falando "senhor, deita aí, senhor"! e essa frase foi repetida várias vezes e quando tomei consciência a mesma pessoa me perguntava:
- Tem mais alguém no carro, senhor? 
- Tem mais alguém viajando com o senhor?
Devo ter respondido ou sinalizado que não, pois a pessoa que perguntava - um motorista de caminhão que depois me disse ter visto todo o acidente - se acalmou, me ofereceu água e começou a conversar comigo. 
Instantes depois chegou alguém que eu já conhecia da cidade mas que não tinha aproximação - Jean, um taxista - que se prontificou em ajudar, e ajudou muito a partir do momento em que contribuiu para facilitar a comunicação com minha filha e, depois, com a PRF.
Algum tempo depois, quando já estava sozinho, parou um Van, onde o proprietário, sr. José Roberto, viajava com a família. Perguntei se ele tinha água e ele pegou uma pequena garrafa com apenas alguns goles e, em desculpa lamentou por só ter aquela. Uma adolescente, filha sua que ouviu a conversa o chamou e disse:
- Papai, minha garrafa ainda tem água; dá pra ele!
Alguém parou logo mais. Disse ser gerente do BB em Canto do Buriti (PI). Prontificou-se a ajudar oferecendo-se até pra procurar a família e informar onde e como eu estava. Depois, um caminhoneiro que transportava uma máquina pesada e que, por isso, só conseguiu parar talvez uns 60 a 70 metros do ponto onde eu estava. A esse fui encontrar e agradecer a atitude de parar para tentar ajudar, mesmo ante a dificuldade de parar seu caminhão.
O que dizer destas e para estas pessoas?  Merecem que se diga e diga muito a cada um e de cada um. A mim são todas anônimas e é possível que não nos encontremos mais. Mas a partir do domingo 03 de fevereiro devo - e devo muito - a cada um. Dizer "muito obrigado" é pouco mas é o que posso fazer. A cada um que se propôs e se dispôs, Meu MUITO OBRIGADO!
A vida, é claro, está cheia de pessoas e histórias iguais a essa. Falta, talvez, oportunidade para que sejam contadas.
(Zeval, fevereiro/2019).

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