terça-feira, 4 de fevereiro de 2020

Naqueles tempos

Já fomos "pão"
já fomos gato
fomos até um bom rapaz;
e que broto legal
tinha na turma,
e tudo era uma brasa, mora!
Românticos, apaixonados
andando de mãos dadas
recitando poemas à sombra de árvores
e, às vezes, agradecendo
(obrigado, Manoel Bandeira!)
comprando sorvetes...
o beijo na testa não faltava
- era o primeiro passo.
Ir ao cinema
e chegar em casa "cedo"
(até 21h00, viu, meninos?)
é claro que a mãe dizia 9 horas.
E as meninas?
pobres meninas
meninas lindas
meninas "doidas demais".
Eram as Verônicas, Madalenas
Helenas, Marias, Ritinhas
e não faltavam as Lurdinhas...
minissaias, vestidos tubinhos
sandálias de borracha rosa "shok"
os rapazes de havaianas
ou suas concorrentes - Wakikis
o tênis bamba era luxo
e como era!
Os pic-nics; que coisa boa
os bate-bates e ponches
que se tomava escondido
mas antes de tudo isso acontecer
o melhor: a abordagem...
na praça, a pergunta inexorável
posso dar uma volta contigo?
se ela sorria, tudo certo
se virava o rosto pra o outro lado, já era!
Que decepção; os colegas a mangar
(zoar, nos dias de hoje)
e como doía esse "fora"
sem falar na vergonha ao encontrar
a garota numa calçada
no dia seguinte
qualquer dia depois era o seguinte
que se queria evitar.
Se houvesse tempo,
mudava-se para o outro lado
Mas quando havia o sorriso
sentíamo-nos  heróis
conquistamos nossa garota
havia proclamação
aos gritos; afinal aconteceu...
comprávamos pipoca
balinhas juquinha e pipper
e no próximo final de semana
o cinema ou a tertúlia
nessa não faltava Década explosiva
Pholhas, Nazareth
Trepidants, Morris Albert
 e tantos outros
que nos faziam dançar coladinhos
dizendo ao ouvido
"eu gosto de ti!"
foi assim,
e era lindo quando era assim.
(Zevall, vef./2020)

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