Estamos, todos, mutilados;
braços e penas perfeitos,
nosso tato, também;
mas não sorrimos mais.
Melhor, nosso riso é mascarado!
quando sorrimos por trás da máscara
ninguém o vê...
nossas alegrias e felicidades
se manifestam sem expressão,
sem doçura; não há sentido.
E que dizer dos abraços que se foram,
e dos "olá!, tudo bem?"
que deixaram de ser parte de nós;
nem um aperto de mão sabemos dá..
cotovelos a se tocarem,
mãos fechadas se batendo
em cumprimentos insalubres
o quê nos aconteceu?
Fomos mutilados nas atitudes
mais primárias...
somos, porém, no íntimo,
seres apaixonados;
apaixonados pela vontade
de viver,
pelo costume do riso farto,
pela a alegria do abraço,
pela constância do outro
ao nosso derredor.
Retidos pelas circunstâncias
continuamos humanos
cientes e crentes que dias melhores
estão prestes a chegar
e essa ausência que atormenta,
esse calor humano que tem faltado retornará mais forte, vivo,
fazendo-nos ser
o que sempre fomos:
seres dependentes do outro,
do próximo, do amigo,
do irmão...
Esperaremos;
não iremos desistir.
(Zevall, jun./2020)