Houve uma época em que pensei que sabia fazer algo. Prescrutei entre as possibilidades, tentei aqui e ali, experimentei uma e outra arte, estudei, me joguei e, no fim, nada descobri. O que sou, qual a minha habilidade ou no que poderia ser bom se tornou uma incógnita. E uma obsessão descobrir.
"Naveguei em águas escuras e turbulentas; percorri caminhos tortuosos e íngremes e descobri mundos e gentes novas para mim mas continuei estranho a mim mesmo. Padeiro, escriturário, estoquista, recenseador, balconista, pintor, cobrador, motorista, professor..., o que sou eu?
De repente me vejo ante nova possibilidade, e justamente agora, quando penso que finalmente me encontro pronto para ser eu mesmo o coração sangra...
Onde errei ou qual o erro tento responder. Talvez amar à vida de um modo especial e diferente, acreditando que o amor "tudo supera" e faz de nós novos entes,pressentindo que este "mundo" que iniciei a construir ameaça desabar. Por quê, eu tento entender. Acredito que ser diferente não é defeito mas se a diferença acarreta problemas e obstáculos certamente também não é virtude.
Olho para a frente e no horizonte distante não prevejo respostas para o questionamento base: o quê e quem sou eu?
- Alguém talvez que use a escrita por falta da palavra a ser dita; que o que pensa pode ser falso mas acredita ser capaz de amar com uma força que, por ser tão forte é incontrolável e poderá

ser destruidor. Destruidor de sonhos e de convicções mas, principalmente da possibilidade de ser feliz; de poder recostar a cabeça, ao final de um dia, e pensar que toda a luta e aposta investida valeu a pena.
Seria quimera pensar assim ou preciso primar um pouco mais pelas minhas convicções e vontades?
Mas persiste, enfim, a dúvida: quem sou eu?
Zevall, professor/historiador, abril/22.
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