sábado, 31 de dezembro de 2016

Para você que ama.

Escolhas
(Zeval Buemma)


Pensei em falar do meu amor
Mas não encontrei
A forma ideal.
Queria te dar uma bela flor
E deixar que ela
Por si somente
Revelasse o que sinto.
Mas outros oferecem flores...

Pela poesia eu te diria
“Te amar não foi um erro”
Pois “te amar é tão bom”
Porém ficaria
Adolescente demais
Destoaria de nós
Não, certamente,
A poesia não.

Pensei em fazer uma seresta
Onde pudesse cantar
Canções de amor
E assim revelar o que sinto
Mas seresta está fora de moda
E tu me acharias
Sem recursos, “demodê”.

Pensei então em fazer um grande
Painel
Ou, quem sabe,
Ir à televisão,
Usar o rádio, talvez
Então todos saberiam
Deixaria de ser
“Nosso segredo”
Perderia a cor e o sabor
Do proibido.

Foi aí que desisti
Nada de flores, ou poesia
Ou seresta
Ou anúncio de jornal.
Irei apenas te olhar nos olhos e dizer
Te amo
Como eu te quero.


(27//12//16).

Aos meus alunos (211)

2º ano da manhã da Escola João Leal – turma 211.
Queria retribuir o carinho e respeito do qual fui alvo por parte dos alunos do segundo ano, turno manhã da Escola João Leal, em Nazaré do Piauí, durante o ano de 2016. Flores ou uma comemoração com docinhos e refrigerantes logo seria esquecido. Daí a ideia de deixar algo escrito e direcionado a cada um. Desse modo saberão o que penso e o pesa de cada um como pessoa, como aluno, como amigo dentro da sala de aula. Engana-se quem pensar que o professor é “blindado”, imune às relações de amizade. Não penso assim e, talvez por isso, tenho construído amizades por onde passo, desempenhando o honroso papel de professor. Aos meus alunos, nominados abaixo, meu abraço.


A turma 211 do turno da manhã da escola João Leal é uma turma singular. É a sala da Alana Ellen. Alana morena de simpatia ímpar; de sorriso farto. Alana Ellen, menina dengosa...
(...) da Emanuella, sempre calada, de olhar distante, de jeito sincero. Emanuela, cadê você? Expande; sorrir fartamente; a vida te chama. Vive!
211 da Fernanda Albino. Atenta; inteligente e voraz pelo saber. Não fala muito. Quase não o faz, porém sabe muito. Parabéns Fernanda, por ser você. Desinibe apenas...
Turma da Jainy Reis. Jainy, o que se pode falar de ti? Organizada, atenta, escreve bem. Forma conceitos fartamente. É exemplo? Melhor não responder. Deixa o tempo passar e Jainy por si só se expressará.
Joana Carilene – morena jambo. Conversa; expõe dúvidas, inquire. Boa aluna; bela aluna. Não se evidencia, mas sua presença é sentida. Porque os poetas ainda não poetizaram você?
Joana Darc! – bela morena. Conquista pelo sorriso feliz; despretensioso. Sorria Joana. O seu sorriso – como você – é belo.  Os mortais agradecem por ele...
Kaline, a turma 211 não seria a mesma sem você. Sua presença adorna; embevece. Torna o dia mais colorido. Kaline Emanuelle, quisera ter o dom da escrita e você sempre seria tema dos meus textos.
Kassia. Kassia Alessandra, sinônimo de simpatia, de alegria. E de inquietação também. É a “mulher pequena” que o Rei cantou e, justamente por isso, é bela.
Leticia (não sei porquê...)  Franco. A menina inquieta, sorridente, capaz. Menina do sorriso fugaz, porém verdadeiro; da palavra fácil; do agito. Áh! Leticia! Me abstenho de falar de você. Não conseguiria (!!!).
Luís Fernandes é coisa séria. Meio calado; meio malandro (num sentido positivo). Bom amigo. Poderá se tornar um líder, pois é inteligente. Falta vontade para ele? – só o próprio Luís responderá. Com o dia a dia.
Maria Beatriz – minha preferida (e dor de cabeça permanente). Estressar com Beatriz é normal e faz bem ao professor. É do bem. O que faz é parte da transição; da vida bela que vive. Se precisar, grito contigo; chamo a atenção, Beatriz. Mas não te reprovo por querer viver.
Matusalém dos Santos (só que os santos não sabem). É imperativo que não fale em ti; nem de ti. Tua alegria contagiante falará. Contigo por perto o tempo se esvai, não tem tempo. Matusalém é gente; é amigo. Precisa gostar de si mesmo, de estudar. Isso faz bem (principalmente no futuro).
Natanael Silva. Bon vivant. O Natann (assim é chamado por assediantes) faz a turma sorrir facilmente. Com ele por perto a engrenagem funciona. Nos saímos bem na relação professor/aluno pois não atrapalha. Mágoa do Natann? Sim. Fez eu quebrar a ampulheta. Já desculpei (Rs.rs).
Neilson & Nielson (irmãos). Sempre distantes, não deram trabalho. Poderiam participar mais; fazem parte do grupo. Irão crescer (aposto nisso).
Paulo Henrique – o Paulinho para a turma. Paulo Henrique sabe; tem conceitos formados, não fala “ de graça”. Ágil e “estressado” o Paulo segue em frente; busca o espaço. É autêntico.  Precisa apenas ousar mais.
Thabata e Thalia são irmãs. Talvez por esse detalhe natural ambas são belas. Diferentes entre si, o que as tornam mais bela ainda. E inteligentes (zangadas também). São peças funcionais nas engrenagens da sala. Sabe o que mais? – são boas alunas.
Thaynara Cristina (prometi que não erraria mais o seu nome). Vai longe. É esforçada. Boa aluna, pergunta muito e, às vezes deixa o professor encrencado. Thaynara sabe o que diz e faz. Talvez seja um pouco (um pouquinho só) displicente no momento de formar conceitos, mas usa bem a palavra.
Vitória Caroline foi embora. Que pena! Ser da 211 ( João Leal – manhã) faz toda a diferença.



x.x.x.x.x.x.x 

Família Maluca
Mulheres, homens e crianças, todo mundo é maluco, mas se amam. Brigam, se empurram e são malucos. E se amam. Nem a Filosofia os separa porque o amor é mais forte que qualquer coisa.









sexta-feira, 30 de dezembro de 2016

Os meus alunos "nazarenos"

Os “loucos” da 211


A turma “duzentos e onze”
Da escola João Leal
É uma turma bacana
Chega a ser sensacional
Com o seu jeito inquieto
Forma um grupo legal.

A Escola João Leal
Se situa em Nazaré
Terra de “omis” feios
E de bonitas “muiés”
Marias, Joanas, Leticias
Pedros, Joaquins e manés.

Voltando pra turma citada
Esse grupo é do barulho
Muita gente inteligente
E também algum “bagulho”
Mas todos são meus alunos
E de todos sinto orgulho.

Esse orgulho é real
Na relação não se viu defeito
Com o meu jeito de ser
Comigo foi muito direito
A turma pula, grita e brinca
Mas sempre com muito respeito

O Luís é uma parada
Preguiçoso e sonolento
Quando o pedia pra ler
Era sempre um tormento
Eu tinha muita paciência
Pra não dizer-lhe: eu lamento.

A Beatriz, dá licença
Parecia coisa de cinema
Não sei se brigava com ela
Ou se esquecia o problema
Deixar ou não Beatriz na sala
Sempre foi o meu dilema.

Bonita, atenta ou graciosa
Da Leticia o que falar?
Alguns dias era difícil
Não dava para aguentar
Mas mulher bonita é assim mesmo
Pode “deitar e rolar”.

Sobrou o Matusalém
“Aluno bom e comportado
Sempre muito estudioso
Mostrando bom resultado
É um exemplo de estudante
Atento e bem dedicado”.

O professor sabe a matéria
E também sabe mentir
É capaz de inventar assunto
Pra o aluno bem se sentir
E você quer um elogio
É só chegar e me pedir.

A turma ainda tem as Joanas
Tainara e o Paulinho
Tem os gêmeos e a Thabata
A todos o meu carinho
Foi um prazer muito grande
Encontra-los em meu caminho.

Nem todos foram citados
O que não é relaxamento
Apesar de diferenças
Fica o reconhecimento
De que me deram atenção
Por isso meu agradecimento.

Um abraço meus queridos
Sucesso profissional
Façam do estudo na vida
O objetivo principal
Meu beijo a todos vocês
Até logo, FUI e tchau!




terça-feira, 27 de dezembro de 2016

Policiais na Elias Yasbek

Eu não consigo precisar quantas vezes ele passou a mão em minha bunda.

Era 1978, mês de março. O dia amanhecera tranquilo, sem promessa de chuva. Saí do trabalho por volta das 7:30h da manhã do dia 16 e percorria a avenida que hoje detém o nome de Elias Yasbek. Ia para casa, no Jardim Santo Antônio margem esquerda da rodovia BR 116 sentido Curitiba. O Jardim Santo Antônio – a sua entrada – localiza-se na altura do km 28 da referida rodovia e pertence ao município de Embu das Artes.
Fazia poucos meses que trabalhava no Supermercado Gigante, loja 9, empresa do Grupo Merimex. A loja 9 situava-se na rua Cândido Portinari, nº 139/161. Eu era ajudante de padeiro e trabalhava das 20:00h às 06:00h da manhã. Trabalho que gostava muito. Algo que eu sabia fazer; bons parceiros – Mestre José e José Maria, mineiros, boa gente – levava a vida tranquilo.
Era, para a época e para os meus 19 anos, um bom emprego: CR$ 3.500,00 (Três mil e quinhentos cruzeiros) no registro da CP; 60 (sessenta) horas-extras; 20% de insalubridade e 04 (quatro) folgas que, quando queria trabalhá-las, me pagavam. Mensalmente meu salário passava dos CR$ 5.000,00 (Cinco mil cruzeiros). Bom salário. Dava para viver bem, ajudar a irmã com quem morava, colocar dinheiro na poupança e ainda mandar um pouco para casa. Muito bom para quem tinha apenas curso ginasial e dominava bem a dactilografia – a digitação da época. Não tinha nada de errado para mim... Até ser abordado por 04 (quatro) componentes de uma viatura policial.
Eu já havia ouvido “o barulho” do veículo bem antes de ser alcançado. Na altura do acesso da rodovia eles pararam e três policiais desceram da Veraneio do DOI-CODI. O terceiro (o sargento que comandava o grupo) só abriu a porta, sentou na ponta do banco e colocou os pés na calçada onde eu havia de passar. Montaram uma situação onde eu passaria – entre e próximo a três deles. O quarto fingia ler um jornal mais a frente, talvez prevendo uma tentativa de fuga minha. Improvável!   – Quem ouvia diariamente Gil Gomes Liertz e seu sonoro “Bom dia” era sensato o suficiente para não fazer besteira.
Foi assim que fui abordado por uma patrulha policial da repressão. É bem verdade que o ano de 1978 já era “mais frio”, porém, ainda metia medo. Eu senti muito medo. Conhecendo a realidade do regime não tinha como não sentir. E eu conhecia. Meu pai era militante do PCB e por diversas vezes mudou-se e se escondeu. Na época eu não sabia o porquê. Sabia apenas que quando ele “viajava” eu e meus irmãos não o veríamos por 6 a 8 meses. Foi sempre assim e por isso tive medo.
O andamento da conversa deu-se assim: o sargento perguntava e eu respondia: De onde vem; o que tu faz na rua a essa hora; para onde tu vai, qual é o teu nome; o que tu faz na vida; o que tu leva nessa sacola...
– Eu venho do trabalho; tô indo para casa; meu nome é Eisenhower (aqui todos sorriam e algumas vezes me empurravam de um para o outro); sou padeiro; trabalho no Supermercado Gigante; levo pão para o café, o meu rádio (este passava a noite ligado no salão da padaria), um pacote de balas para uma sobrinha, a roupa do trabalho, etc.
- Tu mora onde; faz o que da vida; qual é o teu nome (quando eu respondia esta, novas risadas e empurrões). Tu faz o que no supermercado à noite; de onde tu é...
Isso se repetiu diversas vezes, acredito que buscavam contradição. No meu íntimo eu pedia a Deus para não me deixar contradizer e ser posto na viatura. O resto era possível suportar (Não era possível, era necessário. Impreterível).
Depois dessa repetição o sargento fez uma pergunta diferente e deu uma ordem. Pergunta:
– Tu tá com raiva de mim?
Prontamente respondi que não e então ele falou pra o que chamou de cabo:
– Dá uma geral no Piauí (por diversas vezes eu disse de onde era).
Foi quando começaram a passar a mão na minha bunda e puxar a mão na minha bunda e puxar os “bicos dos meus peitos”. Começava sempre por baixo dos braços, costelas, costas, coxas (dentro e fora) e a bunda. Aí o cara (não, cabo) repetia o processo. Depois de algum tempo ele priorizou os braços e a bunda.
Eu não chorei... No momento. Depois, chorei muito. Muito mesmo. Eu não fazia ideia do que era humilhação no meio de uma rua. Doeu muito e por isso chorei bastante. No dia seguinte pedi conta do trabalho. O sr. Clóvis (meu gerente, gente boa) me pediu explicação pois gostava muito do meu trabalho. Eu não contei depois de muito argumento me liberou na condição de eu trabalhar o aviso prévio, o que só aguentei por 15 (quinze) dias. Ele percebeu que eu não estava bem e solicitou do escritório que me dispensassem o restante. Foi atendido. Pagaram-me como se eu houvesse concluído minhas obrigações trabalhistas. Saí bem com eles.
Aí ele pediu meus documentos. Era costume naquela época o uso de uma carteira de plástico para a acomodação da Carteira Profissional. Com isso todos os meus documentos (RG.; Titulo Eleitoral e Reservista estavam juntos. Eu portava todos) estavam juntos. Ele – o sargento – ia tirando um a um da carteira, olhava rapidamente e jogava na calçada.  Depois pediu para olhar a sacola que eu levava.  Rasgou o saco dos pães (que se espalharam na calçada); rasgou o saco em que o rádio estava dentro e, por ultimo, rasgou o saco de balas. Tudo estava espalhado pelo chão. Foi quando ele perguntou se havia algum problema em eu juntar tudo. Respondi que não e juntei. Todos. Entre o sorriso do grupo. O que mais eu poderia fazer?
Para uns poucos amigos eu contei o que aconteceu comigo. Uma professora amiga minha já me ouviu sobre o 16 de março de 1978. Não é algo, agradável de ser narrado. É lembrança amarga.

A partir de então me interessei em ler e estudar o que aconteceu naquele período. Hoje gosto do tema, não das lembranças.

quarta-feira, 21 de dezembro de 2016

Para que serve a Educação.

MAS, AFINAL, PARA QUE SERVE A EDUCAÇÃO?
Por Marcia Aparecida de Oliveira – Gestora

Para nos fazer descobrir que a matemática vai além das contas e dos teoremas porque ela está presente na musica e na arte. A arte que nos liberta dos preconceitos dos corpos perfeitos e dos templos religiosos, porque suas cúpulas fazem parte da historia... Uma história feita por pessoas que constroem cidades nos inúmeros espaços geográficos deste planeta-bola, no qual fazemos nossas viagens reais, virtuais, itinerárias.
Porque um livro intrigante leva nossa imaginação para outros lugares de saberes e sabores que mexem com os nossos sentidos nos fazendo ver com os olhos da alma, nos fazendo sentir a doçura e a força de gosto  e cheiros conhecidos ou exóticos, nos permitindo ouvir e compreender a poesia ou a agressão contida nas palavras, nos fazendo reconhecer texturas delicadas ou ásperas .
Para que serve a educação, afinal?
- Para nos tornar humanos . . .
.x.x.x.x.x.

       Esse texto é de autoria da professora e Diretora Marcia Aparecia de Oliveira, na ocasião dirigindo um corpo de alunos e colaboradores da EMEF Min. Synésio Rocha, em três turnos, escola localizada no Jardim Umarizal – Campo Limpo/ São Paulo (SP), texto este publicado na edição de n. 1 do 2º ano do jornal Conexão Synésio, datado de julho/2013, produzido pelos alunos e coordenado pelos professores Tiago Fernandes de Sousa e Vanessa Brito, ambos trabalhando com Gramática do 6º ao 9º ano.



segunda-feira, 19 de dezembro de 2016

Boas Festas

Floriano (PI; Brasil), Dezembro de 2016.


Queridos amigos visitadores do blog “A Rua do Mulambo”,
                  Meu abraço.

Durante todo o ano que agora se aproxima do final, foi imensa a alegria de registrar, a cada dia, as suas presenças conosco. Ao iniciar este espaço de interação a ideia era essa, a de muitas visitas, porém, a constância com que estiveram aqui, ao tempo que nos alegrou, superou a nossa humilde expectativa.
Estamos prestes a receber novo ano – 2017 – e esperamos contar, diligentemente, com a amizade, o respeito e a participação de todos também neste ano que se aproxima. Para isto continuaremos trabalhando e procurando fornecer temas diversos que seja do agrado de todos. Essa é a nossa meta: a satisfação daqueles que nos visitam diuturnamente. De diversas partes do mundo. E essa constatação – a da variedade étnica dos nossos frequentadores – tem sido o nosso orgulho. Obrigado.
  Desejamos a todos um Natal de paz e saúde; que as experiências deste ano sirvam de modelo para o que é esperado no porvir. Que no ano seguinte possamos, juntos, trabalhar para realização daquilo que temos idealizado de melhor e que esperamos alcançar. Boas festas para todos.
Fica aqui o nosso abraço e a esperança de poder contar com a presença de vocês nos próximos 365 dias de 2017.
O nosso abraço,

                       

                     Eisennhower V. Dias (Org.).

quarta-feira, 14 de dezembro de 2016

Incongruência

Incongruência



Perdoa-me
Por deixar correr rumo a ti
Uma enxurrada de mor
Amor adolescente, imaturo.
Urgente.
Um amor egoísta.
Contigo é sempre assim
Jamais consegui desaguar
Em outros amores
Ou viver esse amor em outros braços
Com seus abraços.
Ele é teu... sempre foi...
Sempre será.
Amor ao mesmo tempo
Puro e indecente
Atormentado mas necessário
Preciso dele tal qual do oxigênio
Sem ele não respirarei
Não quero!
Já tentei fugir, me anular
Por medo da intensidade
Por carecer ser amada por esse amor
Necessário mas assustador, calmante e franco
Amor que exige de mim toda entrega
Que não aceita fração
Pois só se conjuga completo
Em todos os tempos
Passado, presente e futuro.
Que exige coragem
Que eu imaginava não ter
Mas ele – o amor – é benevolente
Gracioso, sedutor
Seduz mansamente a carne fugidia
- a minha carne
Conquista.
Apropria-se
Deleita-se.





segunda-feira, 12 de dezembro de 2016

Um Cajueiro

O meu cajueiro

Tenho um cajueiro em frente à minha janela. Ele me fornece sombra e ajuda na ventilação em noites quentes, além de produzir frutos, o seu objetivo natural e no tempo devido.
Quando o meu cajueiro começou a crescer cuidava dele diuturnamente, pois, além dos frutos que viria a produzir, pensei na sombra que ele certamente proporcionaria e que serviria, entre outras utilidades, para proteger o meu carro do sol diário.
Ainda não tenho um carro, mas quando o tiver, o local para colocá-lo já está providenciado. Enquanto isso venho desfrutando do meu cajueiro de um modo em que não havia pensado antes e que é possível que outras pessoas tenham a mesma oportunidade que eu, mas ainda não conseguiram identificar a sua importância.
Acordo todas as manhãs com uma revoada de pássaros a cantar no meu cajueiro, numa cacofonia de sons particulares e alegres que me tornam o acordar uma grande oportunidade de agradecer ao Senhor Deus pelo novo  dia que recebo e que os passarinhos estão a anunciar o seu começo. E essa apresentação melodiosa permanece, diariamente, até meados da manhã. Que maravilha! Que prazer imenso!
Há um hino do cancioneiro evangélico, já quase esquecido ante as novidades gospel que tem surgido – o que não nos obriga, necessariamente, a esquecer dos cânticos do passado – que em uma de suas estrofes nos diz “quando a vagar nas matas e florestas; o passaredo alegre ouço a cantar (...)” . Tenho, pois, esse passaredo a cantar para mim, revelando, a cada dia, que “Grandes coisas o Senhor tem feito por mim e por isso estou sempre alegre” (adap. do Salmos 126). É a grandeza do Senhor manifestada em coisas que, a principio, parecem pequenas, mas que são grandiosas.
Quando adquirir o meu carro a sombra para colocá-lo estará aqui, pronta para recebê-lo. Enquanto isso – e depois – estarei desfrutando do cantar dos pássaros que visitam o meu cajueiro em todas as novas manhãs que a mim são ofertadas pela boa vontade de Deus.
Preciso cuidar melhor – a cada dia – do meu cajueiro, agradecendo por ele e pelos “seus” pássaros.
Eisen Dias
Floriano – Piauí (10/12/16).


sexta-feira, 9 de dezembro de 2016

Sobre o Preconceito

Para pensar (outra parte).

Exaltação ou preconceito racial (?)

1. O teu cabelo não nega

O teu cabelo não nega,
Mulata,
Porque és mulata de cor.
Mas como a cor não pega,
Mulata,
Mulata, quero teu amor.
// Lamartine Barbo e irmãos Valença.
O teu cabelo não nega, 1932//


2. Os pretos, segundo os brancos

Os escravos pretos lá,
Quando dão com maus senhores,
Fogem, são salteadores,
E nossos contrários são.

Entranham-se pelos matos,
E como criam e plantam,
Divertem-se, brincam e cantam,
De nada tem precisão.
[. . .]

Vem de noite aos arraiais,
E com industrias e tretas,
Seduzem algumas pretas,
Com promessas de casar.

Elegem logo rainha,
E rei a quem obedecem,
Do cativeiro se esquecem,
Toca a rir, toca a roubar.

Eis que a noticia se espalha,
Do crime e do desacato,
Caem-lhe os capitães-do-mato,
E destroem tudo enfim.

//De Joaquim José Lisboa, 1806; citado por
Donald Ramos. O quilombo e o sistema escravista
Em Minas Gerais no século XVIII//.


3. A mão da limpeza

O branco inventou que o negro
Quando não suja na entrada
Suja na saída
E, imagina só
Que mentira danada, é
Na verdade a mão escrava
Passava a vida limpando
O que o branco sujava
É, imagina só
O que o branco sujava
É, imagina só
O que o negro penava
Mesmo depois de abolida a escravidão
Negra é a mão de quem faz a limpeza
Lavando a roupa encardida, esfregando o chão
Negra é a mão, é a mão da pureza
Negra é a vida consumida ao pé do fogão
Negra é a mão nos preparando a mesa
Limpando as manchas do mundo com água e sabão
Negra é a mão da imaculada nobreza
Na verdade a mão escrava
Passava a vida limpando
O que o branco sujava
É, imagina só
Êta branco sujão.

//Gilberto Gil. “A mão da limpeza”.
In.: Alda Beraldo. Trabalhando com poesia.
São Paulo: Ática, 1990//.


4. Sub-raça

Agora irmãos vou falar a verdade
A crueldade que fazem com a gente
Só por nossa cor ser diferente.
Somos constantemente assediados pelo racismo cruel
Bem pior que o gosto margo de engolir um sapo
Só por ser preto, isso é um fato.
O valor da própria cor
Não se aprende em faculdades ou colégios
Que ser negro nunca foi um defeito
Vai ser sempre um privilégio.

// do grupo de rap Câmbio Negro, de Brasília//.


Os números do tráfico

As estatísticas sobre o volume de escravos africanos trazidos para o Brasil e para toda a América são numerosas e muitas vezes discrepantes.
Diversos autores se preocuparam em quantificar o tráfico. Afonso d’Escragnolle Taunay fixou em 3,6 milhões o número de africanos trazidos para o Brasil, assim distribuídos: 100 mil no século XVI; 600 mil no XVII; 1,3 milhão no XVIII e 1,6 milhão entre 1800 e 1852. Outros autores como Roberto Simosen e Sérgio Buarque de Holanda chegam a cifras semelhantes.
Mas há estatísticas bem diferentes dessas: Caio Prado Jr. Afirmou que o tráfico trouxe para o Brasil pelo menos 5 ou 6 milhões de indivíduos. Renato Mendonça, com base nos números das alfândegas, calculou a importação em 4,83 milhões, aos quais e juntaram 2 milhões introduzidos por contrabando.

//Adaptado de Jayme Rodrigues.
O tráfico de escravos para o Brasil. – São Paulo: Ática, 1997//.

5. Reflexão


(   ?   ?   ?   ).

quarta-feira, 30 de novembro de 2016

“Se essas ruas, se essas ruas fossem minhas...”.

Eisenhower Dias

As ruas de uma cidade são fundamentais na construção de sua historiografia, geralmente sendo o marco inicial de qualquer urbe. Uma Igreja, um armazém, uma praça e um bar, além de várias casas comuns distribuídas de um e outro lado... está dada a largada para o nascimento de uma (grande) cidade.
Chamou-me a atenção, ao longo de observações feitas, o descaso ou o não conhecimento de e para com algumas ruas que se “historicizaram” no decorrer do desenvolvimento de Floriano (PI) e este despertar se materializou mais fortemente a partir do deparo com o livro Rio Parnaíba: cidades-beiras (GANDARA, 2010) e, particularmente, ao analisar um capítulo específico sobre o nosso município.
Diversos pontos são abordados de maneira clara, apaixonante e histórica da importância de algumas ruas no contexto fundacional desta cidade-beira (GANDARA, 2010, p. 257), o que me remeteu à necessidade de compreender a cidade – Floriano (PI) – mais agudamente e, a partir daí, destacar algumas ruas que se tornaram relevantes na construção de uma história que, vicejada, chega ao século XXI grandiosa e marcante no cenário histórico piauiense e, porque não dizer, nacional.
O que e por que é uma cidade; quais as suas atribuições e quais são as suas características indispensáveis na construção de sua identidade? – Avelino (2015) entende que são diversas as facetas marcantes.

As cidades apresentam-se como expressões de cultura em suas múltiplas facetas. Para entendê-las, faz-se necessário decodificar as imagens que emergem das diversas linguagens que expressam o seu conteúdo e que vão nos dar o norte para interpretá-los na sua arquitetura, nos sinais de transito e nas diferentes marcas de suas múltiplas identidades no tempo e no espaço (AVELINO, 2015, p. 15).

A arquitetura da cidade remete às características próprias de sua constituição, qual seja, seus bairros, suas ruas e, segundo Avelino (2015) até os sinais de trânsito são elementos característicos.
A paixão por esse aspecto da urbe florianense despontou baseada em duas perspectivas. A primeira foi a oportunidade de morar e conhecer situações interessantes daquela que era conhecida como Rua do Mulambo, esta paralela ao curso do rio Parnaíba; a segunda perspectiva relevante deu-se ante a constatação que poucos florianenses, inclusive moradores da rua, não sabia deste nome antecedente. Daí a necessidade de um resgate que entravasse novos conhecimentos sobre as origens viárias da cidade.
Com base nessas curiosidades e respaldado pelos escritos de Gandara (2010) surgiu a ideia de relacionar logradouros e vias que nasceram com a cidade e que se identificavam com outro nome, enfatizando a sua importância para a funcionalidade do município e, para um conhecimento primário, as ruas terão algumas fotos da sua forma atual.
            As ruas das minhas ruas

o   Avenida Esmaragdo de Freitas – Já foi conhecida por Av. Beira Rio e Pau D’água. Este nome de D’agua deveu-se a uma árvore que existiu nas proximidades da fábrica dos irmãos Carvalho (Incopil). Desta árvore, segundo contam, saía uma água que corria em estado perene e que os moradores das proximidades zelavam por ela;

o   Rua do Ouro – atualmente conhecida como Fernando Marques, é uma rua longa que tem seu inicio à margem do Rio Parnaíba e sobe até ao Anel Viário. É a “Rua do Fórum”; nela já existiu, além da Prefeitura Municipal (onde hoje funciona o CTA, unidade especializada de saúde), um distrito policial e era, no passado, a principal via de acesso para quem se dirigia ao bairro da Guia;

o   Rua do Caracol – também já foi “Rua das Flores”. O nome primeiro se originou devido à sinuosidade do seu traçado, com curso no sentido norte/sul. Hoje é conhecida por Coelho Rodrigues;

o   Rua do Pau-não-cessa – Atualmente Silva Jardim. O nome curioso se originou pelo confronto entre os marinheiros e navegantes com a polícia local. Devido a comportar as “casas de mulheres” era um ponto de encontro e de bebedeira;

o   Rua da Malva – José Guimarães. O nome de rua da Malva tem origem no fato de haver nela “quantidade expressiva de pequenos arbustos da família das malváceas” (GANDARA, 2010, p. 198). Seu curso é da beira do rio até ao Morro da Cruz;

o   Rua do Curral – hoje é Assad Kalume. Famosa pelo Comércio Esporte Club; Estádio Mario Bezerra (demolido) e ENOCS – Escola Normal Osvaldo da Costa e Silva;

o   Rua do Fio – Hoje é Rua Clementino Ribeiro ou, ainda, “Rua da Rádio”;

o   Rua do Mulambo – Rua Sete de Setembro. Era, segundo o senso comum, ponto de passagem para tropeiros e veículos o que, por essa mistura, chamava-se “Mulambo”. Nessa rua (do Mulambo) nasceu J. Miguel de Matos, em 29/09/1923. Poeta, escritor, jornalista, biógrafo, antologista, memorialista e genealogista. Foi Delegado Regional do Instituto de Cultura da América. Fundou e dirigiu as revistas Mafrense e Destaque

  
Outras ruas

ü  Suvaco do Cão – Rua Rui Barbosa;
ü  Rua do Mufumbo – Defala Attem;
ü  Rua da Perna – Rua São João;
ü  Buraco da Malária – Av. Fauzer Bucar;
ü  Rua Nova – Rua Francisco de Abreu Rocha;
ü  Rua da Paz – Av. Eurípedes de Aguiar;
ü  Rua Alvaro Mendes – Av. Getúlio Vargas;
ü  Rua da Rampa – Rua João Luiz Ferreira.

Num estudo mais profundo é possível que se constate que cada uma dessas ruas florianenses tem uma “história pra contar”. No entanto, a intenção não é fazer um tratado sobre o tema, mas despertar um interesse por ele o que, pelo exposto acima, acredita-se que o objetivo foi alcançado. A história revela pontos interessantes do município, de suas ruas, dos seus bairros, de suas casas. Aprendamos com esses detalhes. Vale a pena.

Referencias

BOTELHO, Denílson. História e cultura urbana: a cidade como arena de conflitos – Rio de Janeiro: Multifoco/EDUFPI, 2015.
GANDARA, Gercinair Silvério. Rio Parnaíba: Cidades-beira. – Teresina: EDUFPI, 2010.


Imagens das minhas ruas

Av. Esmaragdo de Freitas (Foto 01)
Foto: KSC/2016

Av. Esmaragdo de Freitas (Foto 02)
Foto: KSC/2016

Rua Fernando Marques (Foto 01)
Foto: KSC/2016

Rua Fernando Marques (Foto 02)
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Rua Coelho Rodrigues (Foto 01)
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Rua Coelho Rodrigues (Foto 02)
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Rua Silva Jardim (Foto 01)
Foto: KSC/2016

Rua Silva Jardim (Foto 02)
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Rua José Guimarães (Foto 01)
Foto: KSC/2016

Rua José Guimarães (Foto 02)
Foto: KSC/2016

Rua Assad Kalume (Foto 01)
Foto: KSC/2016

Rua Assad Kalume (Foto 02)
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Rua Clementino Ribeiro (Foto 01)
Foto: KSC/2016
Rua Clementino Ribeiro (Foto 02)
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Rua Sete de Setembro (Foto 01)
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Rua Sete de Setembro (Foto 02)
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A REFORMA E AS SOLAS

Reforma Protestante – nome dado ao movimento reformista que surgiu no cristianismo em 1517 por meio do monge agostiniano Martinho Lutero. A ...