Para
pensar (outra parte).
Exaltação
ou preconceito racial (?)
1. O teu
cabelo não nega
O teu cabelo não nega,
Mulata,
Porque és mulata de cor.
Mas como a cor não pega,
Mulata,
Mulata, quero teu amor.
// Lamartine Barbo e irmãos Valença.
O teu cabelo não nega, 1932//
2. Os pretos, segundo os brancos
Os escravos pretos lá,
Quando dão com maus
senhores,
Fogem, são salteadores,
E nossos contrários
são.
Entranham-se pelos
matos,
E como criam e plantam,
Divertem-se, brincam e
cantam,
De nada tem precisão.
[. . .]
Vem de noite aos
arraiais,
E com industrias e
tretas,
Seduzem algumas pretas,
Com promessas de casar.
Elegem logo rainha,
E rei a quem obedecem,
Do cativeiro se
esquecem,
Toca a rir, toca a
roubar.
Eis que a noticia se
espalha,
Do crime e do desacato,
Caem-lhe os
capitães-do-mato,
E destroem tudo enfim.
//De Joaquim José
Lisboa, 1806; citado por
Donald Ramos. O
quilombo e o sistema escravista
Em Minas Gerais no
século XVIII//.
3. A mão da limpeza
O branco inventou que o
negro
Quando não suja na entrada
Suja na saída
E, imagina só
Que mentira danada, é
Na verdade a mão
escrava
Passava a vida limpando
O que o branco sujava
É, imagina só
O que o branco sujava
É, imagina só
O que o negro penava
Mesmo depois de abolida
a escravidão
Negra é a mão de quem
faz a limpeza
Lavando a roupa
encardida, esfregando o chão
Negra é a mão, é a mão
da pureza
Negra é a vida
consumida ao pé do fogão
Negra é a mão nos
preparando a mesa
Limpando as manchas do
mundo com água e sabão
Negra é a mão da
imaculada nobreza
Na verdade a mão
escrava
Passava a vida limpando
O que o branco sujava
É, imagina só
Êta branco sujão.
//Gilberto Gil. “A
mão da limpeza”.
In.: Alda Beraldo.
Trabalhando com poesia.
São Paulo: Ática,
1990//.
4. Sub-raça
Agora irmãos vou falar
a verdade
A crueldade que fazem
com a gente
Só por nossa cor ser
diferente.
Somos constantemente
assediados pelo racismo cruel
Bem pior que o gosto
margo de engolir um sapo
Só por ser preto, isso
é um fato.
O valor da própria cor
Não se aprende em
faculdades ou colégios
Que ser negro nunca foi
um defeito
Vai ser sempre um
privilégio.
// do grupo de rap
Câmbio Negro, de Brasília//.
Os números do tráfico
As
estatísticas sobre o volume de escravos africanos trazidos para o Brasil e para
toda a América são numerosas e muitas vezes discrepantes.
Diversos
autores se preocuparam em quantificar o tráfico. Afonso d’Escragnolle Taunay
fixou em 3,6 milhões o número de africanos trazidos para o Brasil, assim
distribuídos: 100 mil no século XVI; 600 mil no XVII; 1,3 milhão no XVIII e 1,6
milhão entre 1800 e 1852. Outros autores como Roberto Simosen e Sérgio Buarque
de Holanda chegam a cifras semelhantes.
Mas
há estatísticas bem diferentes dessas: Caio Prado Jr. Afirmou que o tráfico
trouxe para o Brasil pelo menos 5 ou 6 milhões de indivíduos. Renato Mendonça,
com base nos números das alfândegas, calculou a importação em 4,83 milhões, aos
quais e juntaram 2 milhões introduzidos por contrabando.
//Adaptado
de Jayme Rodrigues.
O
tráfico de escravos para o Brasil. – São Paulo: Ática, 1997//.
5. Reflexão
( ?
? ? ).
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