sexta-feira, 9 de dezembro de 2016

Sobre o Preconceito

Para pensar (outra parte).

Exaltação ou preconceito racial (?)

1. O teu cabelo não nega

O teu cabelo não nega,
Mulata,
Porque és mulata de cor.
Mas como a cor não pega,
Mulata,
Mulata, quero teu amor.
// Lamartine Barbo e irmãos Valença.
O teu cabelo não nega, 1932//


2. Os pretos, segundo os brancos

Os escravos pretos lá,
Quando dão com maus senhores,
Fogem, são salteadores,
E nossos contrários são.

Entranham-se pelos matos,
E como criam e plantam,
Divertem-se, brincam e cantam,
De nada tem precisão.
[. . .]

Vem de noite aos arraiais,
E com industrias e tretas,
Seduzem algumas pretas,
Com promessas de casar.

Elegem logo rainha,
E rei a quem obedecem,
Do cativeiro se esquecem,
Toca a rir, toca a roubar.

Eis que a noticia se espalha,
Do crime e do desacato,
Caem-lhe os capitães-do-mato,
E destroem tudo enfim.

//De Joaquim José Lisboa, 1806; citado por
Donald Ramos. O quilombo e o sistema escravista
Em Minas Gerais no século XVIII//.


3. A mão da limpeza

O branco inventou que o negro
Quando não suja na entrada
Suja na saída
E, imagina só
Que mentira danada, é
Na verdade a mão escrava
Passava a vida limpando
O que o branco sujava
É, imagina só
O que o branco sujava
É, imagina só
O que o negro penava
Mesmo depois de abolida a escravidão
Negra é a mão de quem faz a limpeza
Lavando a roupa encardida, esfregando o chão
Negra é a mão, é a mão da pureza
Negra é a vida consumida ao pé do fogão
Negra é a mão nos preparando a mesa
Limpando as manchas do mundo com água e sabão
Negra é a mão da imaculada nobreza
Na verdade a mão escrava
Passava a vida limpando
O que o branco sujava
É, imagina só
Êta branco sujão.

//Gilberto Gil. “A mão da limpeza”.
In.: Alda Beraldo. Trabalhando com poesia.
São Paulo: Ática, 1990//.


4. Sub-raça

Agora irmãos vou falar a verdade
A crueldade que fazem com a gente
Só por nossa cor ser diferente.
Somos constantemente assediados pelo racismo cruel
Bem pior que o gosto margo de engolir um sapo
Só por ser preto, isso é um fato.
O valor da própria cor
Não se aprende em faculdades ou colégios
Que ser negro nunca foi um defeito
Vai ser sempre um privilégio.

// do grupo de rap Câmbio Negro, de Brasília//.


Os números do tráfico

As estatísticas sobre o volume de escravos africanos trazidos para o Brasil e para toda a América são numerosas e muitas vezes discrepantes.
Diversos autores se preocuparam em quantificar o tráfico. Afonso d’Escragnolle Taunay fixou em 3,6 milhões o número de africanos trazidos para o Brasil, assim distribuídos: 100 mil no século XVI; 600 mil no XVII; 1,3 milhão no XVIII e 1,6 milhão entre 1800 e 1852. Outros autores como Roberto Simosen e Sérgio Buarque de Holanda chegam a cifras semelhantes.
Mas há estatísticas bem diferentes dessas: Caio Prado Jr. Afirmou que o tráfico trouxe para o Brasil pelo menos 5 ou 6 milhões de indivíduos. Renato Mendonça, com base nos números das alfândegas, calculou a importação em 4,83 milhões, aos quais e juntaram 2 milhões introduzidos por contrabando.

//Adaptado de Jayme Rodrigues.
O tráfico de escravos para o Brasil. – São Paulo: Ática, 1997//.

5. Reflexão


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