Reflexão
sobre a criminalidade
Ao iniciar o resumo do seu
estudo intitulado “Menores infratores:
uma reflexão sobre o contexto social e infracional” a professora Maria
Aparecida Batista de Lima e Silva afirma ser “notável o crescimento do índice
de delitos praticados por menores, diariamente reportados pela mídia local e
nacional”.
Este estudo da professora Lima
e Silva (cida.limasilva@bol.com.br,
2017), se baseia em pesquisa realizada no município de Barra do Garça, MT mas
reflete a realidade, senão de todos os municípios brasileiros, certamente o
será de sua maioria. A questão da marginalidade infanto-juvenil há muito deixou
de ser novidade, algo pra ser visto na TV ou ouvido no rádio. Não é mais notícia
interessante.
O “notável crescimento” se
desperta algo na sociedade é medo. Na medida em que cresce o índice de delitos
praticados, na maioria por sujeitos sociais menores que 18 anos, a sensação de
insegurança cresce proporcionalmente. O cidadão de bem, que trabalha, que zela
pela família, que procura um lazer nos finais de semana ou feriados não se
sente seguro também na sua própria casa. Diz-se “também em sua própria casa”
por se reconhecer que na rua essa insegurança prolifera e domina desde há muito
tempo. Essa insegurança em casa ou na rua se verifica, de modo geral, em
qualquer ambiente social nos dias atuais.
Igrejas mudam seus horários e
rotinas tencionando que seus fiéis voltem mais cedo para casa; casas noturnas
sistematizam sua funcionalidade e medidas de prevenção instituindo seguranças e
outros meios de proteção à clientela; casas comerciais de pequeno e médio porte
com suas entradas e acessos gradeados – as grandes lojas contam com um aparato
de segurança sofisticado que incluem guardas preventivos e câmeras de circuito
interno.
Em suma, o comportamento do
homem social mudou em função da criminalidade no seu entorno, no seu dia a dia.
Em pleno século XXI, no auge das grandes descobertas e dos incríveis avanços
tecnológicos o homem resedentariza-se, agora por medo dos seus semelhantes e,
pasmem, na maioria dos casos esse semelhante é menor de idade; uma criança, um
adolescente. Sedentariza-se dentro da sua própria casa e por medo de sair à
rua. Sua casa é gradeada, com cercas elétricas em muros altos; câmeras
instaladas e cães bravos completam o aparato de proteção. Tudo para se proteger
de quem tenta “pular seu muro” e lhe assaltar.
Os bandidos estão armados.
Armas originais; armas de brinquedos; armas de papelão. Não importa! No momento
da abordagem elas assustam e esse é o objetivo: assustar e cegar a vítima para
que não percebam que, além de assaltados estão sendo ludibriados. Não há como
saber, no momento, se a arma funciona ou não; se é real ou engodo.
Roubam celulares, roubam a
bolsa da moça que anda sozinha e também da que anda acompanhada, roubam a moto
do rapaz. Roubam até a dignidade de quem é roubado. E essa dignidade é
irrecuperável, não retorna, pois a linguagem dirigida à vítima tem a finalidade
de diminuí-lo; de fazê-lo sentir-se ninguém. Lixo. Essa é a sensação, a de ser
lixo.
O que fazer diante de um quadro
tão assustador e deprimente? Desarmamento, combate às drogas e aos traficantes,
instrumentalização de códigos de leis e de medidas punitivas ocorrem a todo
instante. O que fazer? Constituição Federal, Estatuto da Criança e do
Adolescente, SINASE, Conselhos Tutelares, de classe, de escola são instrumentos
ativos e que interagem entre si na busca de combater esses índices afrontosos à
toda a sociedade.
Algo precisa ser feito. A
interação entre o poder público e a sociedade, a revisão dos sistemas de
segurança e as medidas preventivas para evitar ocorrências e de ressocialização
para aqueles que já, por circunstâncias pessoais, se tornaram infratores são
formas que, se agilizadas, nos permitem pensar que haveremos, todos, de desfrutar
de dias melhores.
Zevall, Out./2017Esse fragmento foi extraído de um trabalho sobre projeto de ressocialização e medidas socioeducativas à luz do ECA - Estatuto da Criança e do adolescente, realizado pelo prof. DIAS, Eisenhower V., em set./out de 1917.
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