Se essa rua, se essa rua fosse minha... mandaria destacar todas as suas histórias importantes para a construção da hoje cidade de Floriano - Piauí.
terça-feira, 4 de maio de 2021
Baculejos na rua
Março de 1979. Manhã de uma quinta feira que prometia ser de muito sol. A cidade de Embu das Artes já fervilhava de trabalhadores em busca de sua condução ou indo a pé para o trabalho nas proximidades. Eu caminhava tranquilo e sem pressa pela avenida Elias Yazbek já me aproximando do trevo de saída, onde atravessaria a rodovia Régis Bittencourt e começaria a subida do Morro em direção ao Jardim Santo Antônio, onde morava. Como havia "batido cartão" de saída do trabalho - padaria do Supermercado Gigante, na rua Cândido Portinari, n° 139, às 6h00 da manhã (Eu trabalhava à noite), e me encontrando em torno de quilômetro e meio do local de trabalho, devia ser, no momento, em torno de 6h30, talvez um pouco mais, talvez um pouco menos.
Primeiro ouvi o barulho do carro; lento, prenunciando que vinha devagar, fato estranho pra aquela hora da manhã. Quando passaram por mim - não havia olhado para trás - vi ser uma viatura da ROTA, Rondas Ostensivas Tobias Aguiar. Percebi que o veículo havia parado uns trinta metros à minha frente e que dele desceram três policiais, tendo um, o comandante do grupo, ficado no banco do passageiro com as pernas na calçada, depois de ter aberto a porta. Havia um poste onde um se encostou; outro ficou recostado no muro e o terceiro na parte traseira do carro. Para eu passar, ou desceria a calçada e ia pela pista ou passaria entre eles; decidi pela segunda opção.
Quando fiquei rente ao que se encostara no poste ele esticou a perna e barrou me passagem. Depois me disse "Bom dia"; e foi aí que meus problemas começaram.
As perguntas começaram com os famosos "de onde tu vem" e "pra onde tu vai", passando em "de onde tu é", "o que faz essa hora na rua" e "o que tu leva nessa sacola"...; nem pensei em manter sangue frio nessa hora; fiquei apavorado. Ouvia sempre de pessoas que foram vistas entrando em "camburão" e que desapareceram. Mas tentei me controlar.
Meu saco de pão (a sacola da pergunta) foi rasgado e os pães espalhados pela calçada ; os documentos, um a um e após ser conferido, foi jogado no chão. E cada vez que fazia isso o comandante me dizia: Você pode pegar, por favor?
Por fim eles me liberaram. Não antes do famoso baculejos, onde o rapaz encarregado da tarefa fez questão de passar a mão em minha bunda várias vezes e, ao fazer isso perguntar, "tá tudo bem?".
Fui pra casa. Eles me seguiram ainda até quando atravessei a rodovia. O meu medo maior é que eles retornassem no trevo logo adiante e me pegasse na subida do morro. Graças a Deus não aconteceu mas decidi, naquele dia, que viria embora.
Zevall, maio de 2021
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Misericórdia!! É bem assim m3sno que eles agem,como se fossem o dono do.mundo,mas graças a Deus vc saiu ileso dessa batida policial.
ResponderExcluirIsso mesmo. Mas é constrangedor o modo como tratam um cidadão. E mete medo, por mais que sejamos fortes.
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