terça-feira, 1 de novembro de 2016

Domingos Fernandes Calabar

Calabar: vilão ou herói?

            Nossa historiografia – a do Brasil, com sua centralidade no pensamento e interesse europeu – se encontra povoada de heróis e vilões. Aos heróis destinamos o louro dos feitos “inesquecíveis”; louvamo-los. Aos vilões, resta-nos o expurgo, o anátema. É claro que em algum momento iria aparecer uma inversão de pensamentos.
Entre os vários vilões que ocuparam e ainda ocupam o imaginário do povo e o cenário historiográfico brasileiro um nome é merecedor de nossa atenção justamente por ter "poucos holofotes" voltados para a sua participação na história. Seu nome: Domingos Fernandes Calabar.
Pela sua passagem na historia inicial do Brasil seu sobrenome virou sinônimo de traidor; dedo-duro. De alguém que nega uma causa ou origem. Tudo pela sua participação em um momento que diz respeito aos holandeses. Veja-se:
Nascido em Porto Calvo, Alagoas, Domingos Fernandes Calabar, um mulato, era, segundo Mota; Braick (2005), “perito conhecedor das terras onde se desenvolvia a guerra brasílica – as guerrilhas contra os holandeses (p.63)”. Para Resende; Didier (2001, p. 219) ele – Calabar – era um contrabandista que prestara auxilio inestimável [...] para o avanço das tropas flamengas.
A Companhia das Índias Ocidentais ou West Indische Companie (WIC) invadiu a Bahia, em 1624, e Pernambuco, em 1630. Causou danos e sofreu danos nessas campanhas. Não sabemos ao certo até que ponto Calabar ajudou aos holandeses. Os anais históricos afirmam que ajudou com informações e logística, vez que era conhecedor da região. O que sabemos é que ele virou, para os brasileiros, um “calabar”, um traidor. O continuar da história irá revelar que Matias de Albuquerque o prendeu e mandou executá-lo, o que para Evaldo Cabral de Mello (in.: BOULOS Jr., 2013, p. 89) foi “ queima de arquivo”, pois ele “sabia demais”.
Segundo Peixoto (2005) “[...] traição é uma atitude cotidiana”...; traímos nosso (a) companheiro (a), nosso (a) amigo (a), nossos patrões, nossos professores. Só não assumimos. Os motivos são sempre justificáveis para nós; nunca para o traído.
Como cada um de nós encara a participação de Domingos Fernandes Calabar neste segmento da história nacional é muito particular, pessoal. Como brasileiros é natural apontar-lhe o dedo acusador. Lembrar-lhe a culpa. Nossa história oficial induz a essa atitude.
No entanto, para os holandeses, segundo Peixoto (IBID) “Calabar é um herói. Na verdade, ao contrário de muito delator ou mercenário, Calabar fez uma opção (...)”.
Fazemos opções constantemente. Nossas escolhas incluem a escola em que nossos filhos deverão estudar, a roupa que queremos vestir, o restaurante onde iremos jantar. Escolhemos o time para o qual iremos torcer (e brigar por ele), a marca e a cor do carro que queremos comprar. Em todos esses aspectos do nosso dia a dia temos diversas opções. Temos opção para escolher até o político que irá nos representar nas várias esferas institucionais. e muitas vezes erramos nessa escolha. Escolhemos voltar ao regime democrático e, depois da experiência com José Sarney, Votamos em Fernando Collor de Melo.
E depois de uma “era” Collor,  veio o PT. A Seguir,  Eduardo Cunha ..., Só não sabemos qual será a opção futura.
Agora, ao longo das nossas escolhas e opções, como vemos a participação, na história, de Domingos Fernandes Calabar?
Por Zeval Buemma.
Em 01/nov./2016

Referencias
MOTA, Myriam Becho; Braick, Patrícia Ramos. História; das cavernas ao terceiro milênio. – 1ª ed. – São Paulo: Moderna, 2005.
BOULOS Jr., Alfredo. História sociedade & cidadania. – 1ª ed. – São Paulo: FTD, 2013.

REZENDE, Antônio Paulo; DIDIER, Maria Thereza. Rumos da história: história geral e do Brasil. Vol. Único. – São Paulo: Atual, 2001

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